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REFLEXÃO


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pensata
03/05/2005
Fumar virou socialmente responsável

É uma das decisões mais polêmicas da história do chamado terceiro setor, o universo das entidades não lucrativa, no Brasil. Com apoio de importantes e sérias organizações (Ethos, por exemplo), a Bolsa de Valores de São Paulo criou um índice de empresas socialmente responsáveis. Entre as incluídas estão empresas que fabricam cigarro.

O critério para a inclusão foi, em essência, o seguinte: as empresas que fabricam cigarro são legalizadas, pagam seus impostos, desenvolvem ações comunitárias, têm programas de valorização dos funcionários, preocupam-se com o meio ambiente. Logo, ao preencherem esses requisitos, estariam habilitadas, como qualquer empresa, a serem classificadas como empresas responsáveis. O que, claro, olhes dá um status especial.

A questão que se levanta é a seguinte: uma empresa cujo produto é intrinsecamente irresponsável [o fumo], que mata, provoca câncer, pode ser chamada de responsável?

Meu receio é que, por conta do marketing social, estejamos abrindo espaço para que se arranhe a imagem de uma idéia valiosa na luta contra a pobreza: a de que a ação pública deve ser compartilhada e que, nesse esforço, um parceiro fundamental é a empresa.

Coluna originalmente publicada na Folha Online, na editoria Pensata.

   
 
 
 

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