Pode-se não
gostar de Antonio Carlos Magalhães, por seus métodos
truculentos do pior coronelismo e por sua presunção
de se apresentar como paladino da moralidade - a surra que
ele acaba de levar é resultado, em parte, de sua soberba
e do envelhecimento de sua oligarquia.
Sua derrota significa, em minha opinião, uma oxigenação
para a política baiana. Mas seria intelectualmente
desonesto deixar de reconhecer um fato irrefutável:
sem ACM, os programas de renda mínima, ou seja, o Bolsa
Família não teriam ido tão longe.
Pergunte-se a qualquer pessoa que tenha acompanhado os bastidores
dos programas sociais brasileiros e ninguém deixará
de reconhecer que, graças a ACM, o bolsa-escola deixou
de ser uma experiência piloto, iniciada em Brasília
e Campinas, para se transformar numa política pública
nacional.
Isso porque o senador liderou o movimento, no Congresso,
para a criação de um fundo contra a pobreza.
Desse fundo, surgiu o financiamento para o bolsa-escola, do
Ministério da Educação, e, em menor escala,
para o cartão-alimentação, do Ministério
da Saúde; ambos, foram a base do Bolsa Família,
que hoje chega a 11 milhões de famílias, indiretamente
a cerca de 40 milhões de pessoas.
O que Lula fez foi apenas ampliar e melhorar o que já
estava aí, o que lhe garantiu boa parte de seu prestígio,
especialmente no Nordeste e, ironicamente, o ajudou a derrotar
ACM - aliás, seu cabo eleitoral na eleição
passada.
Coluna
originalmente publicada na Folha Online,
editoria Pensata.
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