Uma das mais
celebradas conquistas do PSDB foi a redução
da taxa de assassinatos em São Paulo, especialmente
em sua região metropolitana - na semana passada, relatórios
oficiais indicaram uma queda de mais 19% de homicídios
em 2007, comparado com o ano anterior. Uma informação
lançada pela Folha coloca agora sob
suspeita os números de mortes divulgados pelos governos
Alckmin e Serra. Se as suspeitas não se confirmarem,
ótimo: voltaremos a celebrar uma bela conquista social.
Se forem confirmadas, estaremos diante de uma das maiores
empulhações oficiais dos últimos tempos.
Conversei com técnicos da Secretaria de Segurança
em busca de explicações, mas não consegui
desfazer as suspeitas. Imaginei até que obteria respostas
rápidas e até simples sobre desvios metodológicos,
mas não foi o que aconteceu. Não confirmaram
o erro, mas não se sentiram ainda em condições
de negar. Pedi uma palavra oficial sobre os dados, sem resultado.
A Folha informou que cerca de 17% da mortes
violentas registradas pelo Instituto Médico Legal de
São Paulo, em 2005, estavam classificadas como indeterminadas,
ou seja, não poderiam engrossar a estatística
dos homicídios. O que provoca suspeita é o fato
de que essa percentagem de mortes não definidas do
IML já ter sido bem mais baixa, no final da década
de 1990, quando se inicia a acentuada queda dos homicídios.
Não estão computando os assassinatos para que
fiquem na condição de mortes indeterminadas?
Se isso estiver mesmo ocorrendo, afetaria o índice
geral? É um problema do IML ou da polícia que
não investiga?
Há abundantes sinais, captados das mais diversas fontes,
de que a taxa de homicídio está mesmo caindo
em São Paulo. É o que vejo conversando com lideranças
comunitárias. Mesmo somando todas aquelas mortes indeterminadas
como assassinatos, haveria queda, embora, evidentemente, menor.
Mas enquanto não se informar com clareza sobre essa
questão vamos ter que suspeitar que fomos enganados
pelos números de segurança dos governos Alckmin
e Serra.
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Coluna originalmente
publicada na Folha Online, editoria Pensata.
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