Minha passagem
de ano em Nova York teve um gosto de história. Durante
a contagem regressiva para 2008, prestava atenção
aos boletins das delegacias de polícia para saber se,
em 2007, eu seria testemunha de uma estatística inusitada:
o registro oficial mais baixo de assassinatos na cidade.
Em 1963, ou seja, há 44 anos, Nova York teve 500 assassinatos,
o menor índice oficial disponível. O ano de
2007 conseguiu ser melhor: 494 casos. É algo que, até
pouco tempo atrás, quase ninguém, para não
dizer ninguém, imaginaria ser possível.
É uma das mais interessantes obras de engenharia comunitária
da atualidade e deveria ser estudada por todos os candidatos
a prefeito das grandes cidades brasileiras, especialmente
os das regiões metropolitanas.
O milagre de Nova York (detalhado neste link)
se deve, em larga medida, a um compromisso das elites com
a cidade e habilidade de gestão nas mais diversas áreas,
a começar da segurança indo até a proteção
aos jovens em situação de risco e o desenvolvimento
de vocação econômica nos bairros mais
pobres. Não conheço em nenhuma cidade desse
porte um prefeito que tenha atrelado tão profundamente
seu prestígio ao desempenho dos alunos que tenham obtido
tantos aliados para melhorar o nível das escolas.
A lição de Nova York deveria servir de antídoto
aos políticos brasileiros que fazem da eleição
municipal apenas um trampolim para outros projetos. E, mais,
não entendem que o melhor que se pode fazer pela comunidade
é torná-la mais educada.
Coluna originalmente publicada
na Folha Online.
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