Depois de se aposentar neste ano,
após uma bem-sucedida carreira de executivo em um banco, Sérgio
Freitas encontrou um jeito de aproveitar o tempo disponível:
voltar a se divertir com brinquedos. Dessa diversão vai resultar
um dos maiores brinquedos da história de São Paulo -um museu
com os mais diferentes jogos para crianças e adolescentes.
Formado em engenharia e economia, Sérgio se aposentou sem
saber o que fazer com o excesso de horas vagas em seu dia.
Como executivo, vivia com uma espécie de cronômetro na mão
para dar conta de todos os compromissos. "Não estava disposto
a virar consultor."
Tantos anos em cargos de chefia deram a ele, na aposentadoria,
o sossego para várias opções - inclusive a de não fazer nada.
Neste momento, está viajando de carro com velhos amigos pela
Amazônia. "Sempre quis percorrer aquela região."
Um de seus amigos, também engenheiro e economista, deu o que
ele considerou uma alternativa além das viagens: brincar.
Desde que assumiu a prefeitura, José Serra demonstrou o interesse
de construir, na região central, um museu da criança. Chamou
então Sérgio Freitas para, voluntariamente, ajudá-lo. "Topei,
claro." Com dinheiro do próprio bolso, está percorrendo museus
para conhecer experiências de espaços educativos e lúdicos.
Na sua rota, já passaram Porto Alegre, Boston, Flórida, Nova
York e Cidade do México. "É inacreditável o que se está inventando
para educar pelo prazer." A cada viagem, ele toma nota das
invenções, a maioria delas usando novos recursos da informática.
Com um prédio já reservado no centro, Freitas está montando
um projeto para explicar física, química, matemática ou biologia
usando jogos e experiências. Uma criança ou um adolescente
poderiam, por exemplo, entrar numa reprodução do corpo humano
e ver como funciona a digestão. Ou então perceber o estrago
do cigarro no pulmão. "Queremos que o espectador se envolva
e saia diferente das exposições, queremos que ele se sinta
diferente."
Pelo menos para ele, o museu já vai ter esse efeito de mudança
antes mesmo de implantado: o engenheiro, economista e executivo
aposentado, sempre lidando com cálculos e dinheiro, aprendeu
como voltar a ser criança.
Coluna originalmente publicada na
Folha de S.Paulo, na editoria Urbanidade.
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