REFLEXÃO


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pensata
11/02/2008

Bom exemplo contra a mediocridade

O tamanho do desastre educacional aparece num pequeno teste que fiz com duas garotas de 12 anos de uma escola paulistana (Oswald de Andrade) – são duas alunas de rendimento escolar médio, que não se destacam como as melhores da classe. Sem aviso prévio, pedi que realizassem a prova de leitura submetida aos estudantes da rede municipal de São Paulo. Conseguiram ficar entre os 3% melhores da oitava série. Note: elas vêm da sexta série.

Se fôssemos comparar os alunos da oitava série da rede paulistana com os das demais capitais, eles estariam em segundo lugar, quase empatados em primeiro. Se eu tivesse de resumir o resultado desses testes, diria o seguinte: a imensa maioria tem dificuldade de entender o que lê. Mesmo os mais bem colocados. Está óbvio que, diante dessa tragédia, serão necessárias medidas ousadas e corajosas. Uma delas está, nesta semana, em fase final de elaboração -- e, se sair mesmo do papel, será um marco histórico.

A secretária estadual da Educação de São Paulo, Maria Helena Guimarães, prepara-se para anunciar o pagamento de bônus aos servidores das escolas, do faxineiro ao diretor, com base no desempenho dos alunos. Vai comprar uma briga e tanto com os sindicatos - é dúvida se, neste momento, terá o apoio dos maiores interessados, os pais e os alunos.

Seria injusto culpar os professores de todas as mazelas do ensino. Há muito a ser feito em infra-estrutura, cursos de formação, material didático e até mesmo em termos de cuidados com a saúde mental e física dos estudantes. Premiar o mérito, entretanto, tem-se mostrado em várias partes do mundo um dos recursos para fazer avançar a educação pública. Nenhuma organização, seja ela qual for, consegue prosperar se os mais esforçados não forem reconhecidos. Só os medíocres podem ser contrários à premiação do talento.

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Coluna originalmente publicada na Folha Online, editoria Pensata.

   
   
 
 

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