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REFLEXÃO


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sinapse
25 /11/2003

A escola do palhaço Wellington Nogueira

O ator Wellington Nogueira realizou um curso de formação de palhaços em Nova York e aprendeu que rir faz bem à saúde. Essa combinação terapêutica fez com que ele inovasse a profissão de palhaço no Brasil, ao criar a ONG "Doutores da Alegria", visitando crianças doentes nos hospitais, transformados em picadeiros.

A experiência está prestes a virar uma escola, criando um nova profissão: a de agentes de saúde especializados em humor. A idéia não provoca riso porque as brincadeiras dos "Doutores da Alegria", inicialmente encaradas com desconfianças nos circunspectos hospitais, são levadas a sério.

Constatou-se que a presença deles, animando as crianças, humaniza o ambiente hospitalar e favorece o trabalho de médicos e enfermeiros —o efeito terapêutico dos "Doutores da Alegria" ganhou o status de dissertação de mestrado. "Tiramos o circo do picadeiro. Para nós, o picadeiro pode estar em qualquer lugar", diz Wellington. "Temos de aprender um outro olhar."

Com o sucesso dos "Doutores da Alegria", a experiência começou a ser aplicada no Nordeste e na periferia de São Paulo, mas sempre de forma episódica. Surgiu, então, o projeto de criar uma escola com um currículo voltado para técnicas circenses e noções de saúde. "O mercado está se abrindo para esse tipo de profissional", aposta. Isso porque muitos hospitais estão demandando palhaços que saibam lidar com crianças doentes.

Num país em que ser palhaço também significa ser "ridículo", muitos pais não achavam muito engraçado, talvez até chorassem, quando os filhos anunciassem que descobriram o talento para se tornar um "clown".

Wellington imagina que, com essa escola, no futuro o filho vai chegar para a família e dizer: "Pessoal, escolhi minha profissão, vou ser palhaço". A família, então, reagirá: "Muito bem, você escolheu uma bonita carreira."


Coluna originalmente publicada na Folha Online, na editoria Sinapse.

   
 
 
 

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