Uma das lições dessa
onda de denúncias contra o PT é a de que a advertência
de que Lula não estava preparado para ser presidente
da República tinha, em muitos casos, uma raiz de preconceito
contra alguém sem educação formal. Mas
também era baseada em algo óbvio, visível:
sua falta de experiência administrativa combinada com
a falta de interesse em gestão. Seu forte (e muito
forte) era é a comunicação, a capacidade
de sintetizar o imaginário da população.
Ou seja, a vibração dos palanques.
O que estamos vendo é que Lula sai-se melhor em áreas
em que existe alguém coordenando direito. Por exemplo:
a área econômica. Goste-se ou não, existe
ali uma coerência de linguagem e de articulação.
Na área social, a balbúrdia e a ida e vinda
de projetos revela, ao contrário, dispersão.
A Casa Civil se tornou um labirinto de projetos e, como se
suspeita agora, de interesses escusos. Isso bem a lado, a
poucos metros, do presidente. José Dirceu era outro
sem menor pendor administrativo.
A verdade é que, para Lula, gerir a Presidência,
com tantos aprendizados em meio a tantos erros, é um
maravilhoso programa de trainee.
Coluna originalmente publicada na
Folha de S. Paulo, na editoria Pensata.
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