Afastada
pelo governador José Serra da Secretaria da Educação,
Maria Helena Guimarães é um dos exemplos de
coragem política. Só conseguiu comprar tantas
brigas em tão pouco tempo porque não tinha pretensão
eleitoral.
Foi dela a ideia de criar um bônus para os professores,
gerando um meritocracia inusitada na educação
brasileira. Sofreu desgastes pelas suas medidas para reduzir
o absenteísmo e a rotatividade dos professores, além
de criar um currículo básico.
Criou um sistema de índices (Idesp) que deu maior
transparência ao desempenho das escolas de São
Paulo, que são, em geral, ruins. Por não ser
política, estava mais atenta aos números do
que a candidaturas, exposição na mídia
e conchavos palacianos.
No futuro, ela será lembrada como uma das pessoas
que fizeram avançar a educação no Brasil;
sempre esteve aberta às mais diferentes experiências
inovadoras.
Seu substituto, Paulo Renato Souza tem todas as qualificações,
não vai mudar, em essência, nada do que foi feito
pela sua antecessora, tem uma visão moderna da educação
e larga experiência administrativa. Minha dúvida
é sobre como ele vai se comportar, afinal ele deverá
ser candidato a um cargo eletivo no próximo ano --e,
candidatos, como se sabe, não costumam arrumar muitas
brigas.
Não consigo deixar de pensar que, apesar de alguns
erros da secretaria (na minha visão, detalhes diante
de uma obra consistente) um dos ingredientes dessa mudança
seja a sucessão presidencial.
O problema da educação é que o que se
faz agora só se vê muito tempo depois --essa
não é a lógica dos políticos.
Coluna originalmente publicada na
Folha Online, editoria Pensata.
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