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pernambuco
12/04/2005
Jovens unem forças contra a violência doméstica

Cansadas da violência que sofriam dentro de suas casas, e acreditando na força interior que existe dentro de cada um, nove garotas da periferia de Recife e Olinda decidiram lutar em busca de um ideal em comum: prevenir a violência doméstica e resgatar a auto-estima das vítimas. Assim nasceu a Força Mista e Arte, cujos objetivos são alicerçados em cinco elementos essenciais: união, diálogo, confiança, afeto e respeito. Parceira do Instituto Academia de Desenvolvimento Social, a Força Mista e Arte abraça a prevenção à violência doméstica, pela co-responsabilização de proteger a criança, o adolescente e o jovem contra qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. “Só informação não é suficiente, é necessário criar espaços para que as pessoas possam expressar seus medos, idéias, opiniões, curiosidades, sentimentos, que ofereçam segurança para falar de forma saudável aspectos importantes de todos os seres humanos, fortalecendo sua auto-estima, tornando-se capaz de assumir o compromisso consigo e com os outros desejando o bem-estar que o leve a ser mais feliz”, argumenta a equipe.

Mesmo sem se conhecerem anteriormente as componentes da Força Mista e Arte descobriram que tinham em comum a necessidade de sair da violência que sofriam dentro de suas casas, praticada pelos pais, parentes e amigos da família. O grupo se conheceu e se formou na ONG Coletivo Mulher Vida, que trabalha com o tema violência doméstica. “Passamos algum tempo no Coletivo Mulher Vida, e lá resgatamos a nossa auto-estima e aprendemos a dizer não a qualquer forma de violência”, destaca a equipe. Para as vitimas da violência doméstica é sempre muito difícil falar a respeito, porque envolvem de forma negativa as pessoas que mais amamos. As conseqüências desta violência são inúmeras: sentimentos de rejeição e culpa, agressividade, dificuldade para dormir, dificuldade de concentração, dificuldade nos relacionamentos, depressão, ansiedade, idéias suicidas, crises de pânico e muitas outras que fizeram parte dos seus cotidianos durante muitos anos.

A violência doméstica contra crianças e adolescentes pode se manifestar de diversas maneiras além da agressão física, dentre elas a omissão e negação aos direitos essenciais podem ser os piores. Vale ressaltar que tal situação não está necessariamente ligada à pobreza em que vivem. Outro tipo de violência comum contra os jovens é o abuso e exploração sexual, um fator que acarreta fortes traumas nas vítimas, desencadeando falta de concentração, dificuldade de aprendizagem, depressão, ansiedade, baixa auto-estima, insônia, IST/AIDS, timidez excessiva, entre outros. “A violência doméstica acontece sempre no âmbito familiar onde o agressor é sempre conhecido da vítima. A violência está presa a fatores culturais, econômicos, jurídicos e psicosociais e atua de forma interdependente tornando mais difícil o trabalho com o tema. Na maioria das vezes os casos só são denunciados quando já estão bastante evoluídos”, observa a equipe.

Pessoas de baixa renda estão ainda mais vulneráveis à violência, pois são negligenciadas em seus próprios direitos básicos: alimentação, moradia, educação, saúde e lazer, entre outros. O pior de tudo é que a violência traz consigo a falta de diálogo e consequentemente uma enorme falta de informação entre os adolescentes e jovens, o que pode acarretar em gravidez precoce, uso de drogas (lícitas e ilícitas), prostituição, IST/AIDS, falta de cuidados básicos com o corpo e promiscuidade. Na maioria das vezes, tanto a gravidez precoce quanto à prostituição surge como “alternativa” para sair de casa e fugir da violência sofrida. Nestes casos, os jovens estão com a auto-estima fragilizada e acabam se colocando em outras situações de violência.

E foi com base nessas premissas que a equipe construiu seus objetivos de trabalho, cuja implantação está sendo executada, a principio, nas comunidades em que atuam e residem. São elas: Águas Compridas, Caixa D’água e Cidade Tabajara (Olinda); Campo Grande, Bomba do Hemetério e Dois Unidos, locais em que são detectados altos índice de violência doméstica camuflada pelo muro do silêncio. O projeto da Força Mista e Arte é realizado dentro da própria comunidade, e a divulgação é feita em pontos de encontro do público-alvo: escolas públicas, postos de saúde, associações comunitárias, etc. O público é formado por adolescentes com idade entre 13 e 20 anos, de baixa renda. É articulado um espaço dentro da comunidade para o desenvolvimento dos trabalhos, semanalmente, com apresentação de peças teatrais, oficinas vivenciais, debates e palestras sobre os temas: Violência Doméstica, Sexualidade e Gênero com duração de quatro horas a cada encontro. O processo é assistido por duas educadoras sociais, com formação em violência doméstica e os assuntos propostos são sumamente relevantes e permeiam o universo da puberdade, virgindade, masturbação, IST/AIDS, gravidez, métodos contraceptivos, homossexualidade, prostituição, formas de violência doméstica, entre outros.

LUCIANA TORREÃO
do site Movimento Juvenil

 
 
 

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