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13/10/2004

Projeto desenvolve vocações locais na Bahia

Cerca de dez mil pessoas, de oito comunidades do litoral norte da Bahia, estão vendo aflorar as potencialidades econômicas locais com a ajuda de um programa idealizado pela Fundação Banco do Brasil e pela Sauípe S/A: o Programa Berimbau. O projeto está sendo implementado na região da Costa do Sauípe, na Bahia, onde se encontra o maior empreendimento turístico da América Latina, com cinco hotéis e seis pousadas.

O complexo turístico é localizado no município de Mata de São João, a 110 quilômetros da capital. Neste empreendimento, são empregadas 2,4 mil pessoas – 40% da mão-de-obra é formada por habitantes da região – e recebe cerca de 150 mil turistas por ano. A idéia é aproveitar esta infra-estrutura para fortalecer as atividades econômicas da região, promovendo as vocações e viabilizando o desenvolvimento das potencialidades locais.

O projeto foi lançado em julho de 2003 e já tem resultados concretos. “Houve incremento de renda dos artesãos e da atividade de artesanato. Hoje temos um número crescente de pedidos, inclusive do exterior. Além disso, também houve fortalecimento do associativismo na região, pois todas as comunidades hoje têm associação de artesãos”, conta Francisco José de Oliveira, coordenador do Programa Berimbau.

Artesão desde os 12 anos de idade, só aos 50 José Soares dos Santos, o Zelito, viu ser concretizado um sonho antigo. “Sou um homem realizado. O que eu mais queria era ter uma associação organizada. Antes nós trabalhávamos isolados. Agora, trabalhamos em grupo e podemos dividir tarefas”, comemora.

Com a associação, os artesãos locais passaram a produzir 20% a mais. Eles fazem principalmente bolsas e tapetes utilizando a piaçaba e a fibra da palmeira de ouricuri. Com este incremento na produção e com o melhor aproveitamento do material , graças ao trabalho em grupo, houve também incremento da renda.

Em alguns casos, os artesãos tinham renda mensal de menos de um salário-mínimo e agora eles conseguem mais de três salários por mês. “Hoje temos um endereço para que a transportadora venha pegar a mercadoria. Tudo isso aumentou muito o orgulho que o artesão tem de seu trabalho”, destaca Zelito.

Em 8 de outubro, três inaugurações irão fortalecer ainda mais as bases deste projeto de desenvolvimento sustentável na região. São elas: um Centro de Produção e Comercialização de Artesanato, uma Estação Digital e uma Central de Abastecimento, onde os agricultores da região irão comercializar seus produtos.

A Estação Digital está sendo levada como parte do Programa Inclusão Digital, da Fundação Banco do Brasil. “A chegada do primeiro telecentro em Porto do Sauípe irá propiciar um benefício imensurável para a comunidade. E a oferta deste serviço também vai gerar renda para a comunidade quando o turista pagar taxas por utilizar a estrutura”, observa Francisco.

O Centro de Artesanato vai concentrar a atividade dos artesãos locais, para que produzam em conjunto, e será um ponto de distribuição. Neste local, a associação de artesãos terá um escritório, com infra-estrutura para receber pedidos, além de uma loja para a comercialização direta.

Fome Zero
Elaborado de acordo com as diretrizes do programa Fome Zero, o Berimbau tem o apoio do Ministério do Trabalho e Emprego e se constitui em um conjunto de 19 iniciativas para a geração de trabalho e renda nas comunidades de Areal, Canoas, Curralinho, Diogo, Estiva, Porto Sauípe, Vila Santo Antônio e Vila Sauípe. Juntos, Fundação Banco do Brasil e Sauípe S/A estão investindo R$ 2,5 milhões.

“As pessoas estão sendo profissionalizadas, tendo incremento na renda, e terão a auto-estima melhorada. Elas vão se inserir no mercado, segundo sua capacidade de produção e de organização, para elas mesmas gerenciarem e se desenvolverem. Todas estas ações estão dentro do programa Fome Zero do governo federal e contam com recursos do Ministério do Trabalho”, revela Jacques de Oliveira Pena, presidente da Fundação Banco do Brasil.

As características comuns a todas as ações do Berimbau são o cooperativismo e a auto-sustentabilidade, para que os projetos continuem gerando renda e oportunidades de trabalho, mesmo sem a interferência de parceiros. “O que se pretende é fortalecer potencialidades já existentes no local para viabilizar, nas comunidades, a oferta de produtos consumidos pelos turistas”, explica Francisco.

As ações englobam a prática de atividades produtivas com base na agricultura familiar e orgânica, pesca e mariscagem, além de criação de pequenos animais, artesanato, projetos de aproveitamento e reciclagem de sobras de processos produtivos, preservação e disseminação da cultura local e desenvolvimento de valores artísticos.

As linhas gerais do Berimbau foram desenhadas a partir da discussão com os moradores das comunidades. O resultado é um projeto que investe em escolas e cursos de reciclagem e capacitação. Os cursos oferecidos são de gestão, cooperativismo, agricultura orgânica, trabalhos em madeira e educação ambiental. A alfabetização também é um dos componentes do programa. Em 2003, 250 pessoas passaram pelo Programa BB Educar, da Fundação Banco do Brasil.

A inserção de cursos de reciclagem entre as atividades tem como alvo as quase dez toneladas de lixo geradas diariamente pelo complexo turístico. O projeto também prevê a instalação de uma Usina de Biodegradação Acelerada, que deve ser inaugurada em dezembro deste ano. A usina irá reduzir o tempo de decomposição dos dejetos orgânicos de cem para apenas três dias.


“O que se pretende com este projeto é aproveitar as oito toneladas de lixo orgânico produzido em Costa do Sauípe diariamente. A idéia é transformar este lixo em adubo orgânico e em fertilizante, que serão repassados aos pequenos produtores da região”, explica Francisco. O lixo será destinado a uma cooperativa chamada Verdecoop, que o transformará em adubo. O Condomínio Costa do Sauípe comprará 15% da produção para utilizar nas suas áreas verdes. Os outros 85% serão repassados para a Coopevales, uma cooperativa de produtores rurais.

O objetivo é criar condições para que estas pessoas produzam com qualidade e a preços competitivos. O incremento na produção local é um interesse também de Costa do Sauípe, porque isso melhora a operação do empreendimento, evitando a ação de intermediários, que agregam custo ao produto final. “A Costa do Sauípe poderá eliminar o valor do frete e fazer o acompanhamento da qualidade do que compra, e o produtor rural será mais bem remunerado, ainda que o empreendimento gaste menos”, analisa Francisco.

Cenário a ser alterado
No início da implantação do projeto, cerca de 56% da população local não tinham rendimentos; 45% eram analfabetos e 23% recebiam menos de um salário-mínimo por mês. A mudança neste cenário de exclusão está prevista pelo projeto por meio da aplicação de modelos de economia solidária, do desenvolvimento das comunidades e das pessoas e do estímulo ao associativismo.

Com apoio técnico e gerencial, o projeto Berimbau pretende incutir uma mentalidade empreendedora nos produtores locais, como artesãos, pequenos produtores rurais, pescadores, autônomos, doceiros etc. Crianças e jovens também são contemplados ao participarem de atividades sociodesportivas e culturais, que auxiliarão na formação da cidadania e contribuirão para reduzir o risco social.

Estas perspectivas já despertaram o interesse internacional. A partir da parceria estabelecida entre a Diretoria Internacional do Banco do Brasil e a International Trade Center (agência subordinada à Organização das Nações Unidas para desenvolvimento cooperado do comércio mundial), o Berimbau foi escolhido como piloto, no Brasil, para o desenvolvimento de ações de capacitação, assistência técnica, consultoria e marketing.

O Banco do Brasil, com todas as instituições vinculadas a ele, como a Fundação Banco do Brasil, quer fazer do Costa do Sauípe um empreendimento-modelo de responsabilidade social para as comunidades do entorno. “Quando fazemos qualificação profissional, visamos a dar empregabilidade dentro do empreendimento. Quando apoiamos a agricultura, tentamos viabilizar que a produção seja destinada para o mercado consumidor do empreendimento. O objetivo é integrar o Costa do Sauípe às comunidades, para que elas sejam beneficiárias da existência do empreendimento”, explica Jacques de Oliveira Pena.

Para que o objetivo seja alcançado, além das ações que já estão em andamento, o programa tem diversas linhas em formatação. Em setembro, houve a fundação de uma cooperativa de pescadores na região. Com isso, teve início a discussão da realização de ações de qualificação profissional para estes cooperados.

Há ainda projetos envolvendo o beneficiamento do coco, incluindo a água e outros subprodutos que podem ser utilizados, e a implantação de uma fábrica de xampu, com produtos da flora regional, que possa ser utilizado nos hotéis. Os coordenadores do programa também estão em negociação com o Ministério do Esporte para a realização de um projeto que envolva a questão do lazer e do esporte nas comunidades atendidas pelo Berimbau.

 

SANDRA FLOSI
da Fundação Banco do Brasil

 
 
 

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