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rádio
15/04/2005
ONG Escola de Gente e MEC lançam programa sobre a sociedade inclusiva

As ondas do rádio irão agora disseminar o conceito da inclusão para crianças, jovens e adultos todos os domingos, a partir das 14h. Foi lançado, no último dia 3 de abril, o Programa Oficineiros da Inclusão, uma parceria da ONG Escola de Gente - Comunicação em Inclusão, com sede no Rio de Janeiro, com a rádio MEC AM 800. O programa é comandado por seis estudantes de Comunicação e Ciências Sociais, que participam do projeto Oficineiros da Inclusão, desde 2003, e estudam com a Escola de Gente o conceito de sociedade inclusiva e o multiplicam para outros jovens no Brasil e no exterior.

A proposta de parceria partiu da rádio MEC, que está desenvolvendo uma nova grade de programação baseada na cidadania e educação. "Sugeri a aproximação da Escola de Gente por considerar o trabalho deles à frente do nosso tempo. Eles preparam jovens e contam com a participação deles como multiplicadores de um conceito e isso é muito importante, pois está se formando toda uma geração", conta Liara Avellar, assessora da Gerência Executiva da rádio, que acredita no poder do veículo para divulgar um tema "de suma importância para o futuro da sociedade".

"O rádio fala para muita gente e este tema não pode ficar de fora, especialmente numa emissora pública. Esperamos ajudar a divulgar a temática da inclusão e melhorar o entendimento da sociedade sobre a diversidade e a igualdade de direitos. Principalmente mostrando que somos todos diferentes e que este é o maior potencial do ser humano. E, por isso mesmo, a sociedade deve ser pensada e construída para todos", completa Liara Avellar.

Durante uma hora, os jovens irão incentivar os ouvintes a debater sobre o conceito e a prática de uma sociedade que não discrimine em função de qualquer diferença. O foco principal é a questão da deficiência. Toda a programação conta com o apoio e respaldo de representantes do Ministério Público Federal, como a procuradora da República do Estado de São Paulo, Dra. Eugênia Augusta Fávero e está de acordo com as resoluções internacionais e a legislação brasileira sobre a causa, como decretos que estabelecem normas gerais e critérios básicos para a promoção de acessibilidade das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.

O programa traz entrevistas com especialistas, notícias, serviços, opinião de ouvintes, música e até esquetes divertidos e provocativos que apontam como as pessoas se discriminam no dia-a-dia sem perceber, feitos pelo grupo teatral "Os Inclusos e os Sisos - Teatro de Mobilização pela Diversidade", outro projeto da Escola de Gente, que busca abordar o tema da inclusão por meio da ótica artístico-teatral. A trilha sonora do programa é o Rap Oficineiros da Inclusão, de autoria de vários artistas do movimento Hip Hop brasileiro como Weelf, Jamile Suarths, Maryhuana, Rico ZN e Refém.

No primeiro programa, os oficineiros trataram sobre temas como o Museu de Imagens do Inconsciente, um centro de referência na área de saúde mental, que recebe todos os meses centenas de visitantes e pesquisadores do Brasil e do mundo. O programa trouxe ainda dicas sobre o 3º Congresso Mundial em Medicina de Reabilitação, que acontece pela primeira vez no Brasil, entre os dias 10 e 15 abril, e debateu o caso de Kester Brito Silva, um rapaz cego que foi agredido pelo motorista e cobradora de uma van, em Brasília, por ter insistido em entrar no veículo com seu cão guia.

Para ampliar o alcance do programa, já que a rádio MEC atua prioritariamente no Rio de Janeiro, a Escola de Gente disponibiliza, semanalmente, em seu site (www.escoladegente.org.br), a transcrição as atrações do programa. O site conta também com as adaptações de acessibilidade, como lupa e mudança de cor no fundo da tela, estas especialmente úteis para pessoas com baixa visão. O programa pode também ser ouvido pela internet, por meio do site da rádio (www.radiomec.com.br). Em breve, com a recuperação do transmissor de 100 KW da rádio, a transmissão chegará também até parte do Espírito Santo e Minas Gerais.

Sabrina Trica, estudante de Ciências Sociais, oficineira da Escola de Gente e produtora do programa, acredita que esta parceria foi um grande passo para a ONG, principalmente pelo alcance que as informações sobre a inclusão poderão ganhar sendo difundidas no rádio e debatidas por meio de e-mails e telefonemas direcionados ao programa, promovendo uma maior ligação entre todos os setores que trabalham pela causa. "Agora, podemos disseminar um conceito que poucas pessoas param para pensar, até para motivar mesmo essa reflexão", completa a jovem Marina Maria Ribeiro, estudante de Jornalismo, oficineira e repórter do programa.

A jornalista e escritora Claudia Werneck, presidente da Escola de Gente, destaca que o debate sobre o tema é extremamente importante, tendo em vista que a palavra "inclusão" está disseminada, mas não o conceito real. Ela acredita que, atualmente, há um uso leviano da palavra. "Nós, da Escola de Gente, falamos de inclusão no sentido de um conceito internacional mesmo. Isso porque, quando você diz vamos direcionar as ações para os ´excluídos´, como os negros, os deficientes, as mulheres, os homossexuais, dá a impressão de que quem está ´incluído´ na sociedade está bem, de que eles não praticam discriminação, de que não há problema. Só que quando você ´coloca´ para dentro do sistema que já não está bom estas ´novas pessoas´ aí vira um caos total. Ou seja, não é colocar para dentro quem está fora, mas de reestruturação da sociedade. Quando um ´incluído´ escolhe onde colocar um ´excluído´, estamos a quilômetros de distância da inclusão", comenta a presidente da entidade.

É preciso, portanto, na opinião de Claudia Werneck, perceber que todos, em algum momento da vida, podem estar ´incluídos´ e `excluídos´. "O conceito é algo muito mais complexo, estrutural, onde esta sociedade não admite processos excludentes. O problema é que há a valorização, muitas vezes, do exotismo e não da diversidade. Ou seja, não houve mudança de mentalidade".

Três anos de luta pela inclusão
Mudar essa visão sobre a inclusão é o que busca a Escola de Gente, que completa três anos de atuação, no próximo dia 11 de abril. A entidade foi fundada em 2002, a partir do trabalho de Claudia Werneck na área de inclusão, com a mobilização de diversos profissionais da comunicação e de outras áreas. A organização atua para que a comunicação seja colocada a serviço da inclusão de grupos vulneráveis na sociedade, principalmente pessoas com deficiência. Cláudia conta que o nome Escola de Gente foi escolhido pois os participantes são seguidores incondicionais de gente, ou seja, uma condição que não é perdida nunca, e, portanto, não justifica qualquer tipo de discriminação.

A ONG desenvolveu uma metodologia, chamada Oficina Inclusiva, a favor da mentalidade inclusiva. Durante três horas, os participantes - pessoas com ou sem deficiência - conhecem o conceito de inclusão e realizam dinâmicas e jogos que levam a vivências sobre a chamada ética da diversidade. Foi a partir dessa metodologia que surgiu o projeto Oficineiros da Inclusão, a fim de envolver os jovens nestas discussões. "O jovem é um ser com uma ética mais protegida, além de ser muito mais forte e flexível. Ele sim está preparado para inovar. Trabalhar com jovens é um estimulo para nós porque você recebe um retorno na hora, de comprometimento e desejo de mudança", comenta a presidente da entidade.

O projeto Oficineiros da Inclusão conta com jovens entre 18 e 25 anos capacitados para realizar as oficinas para outros jovens no Brasil e no exterior. A ONG já realizou mais de 200 oficinas inclusivas, não só no Brasil, mas também no Peru, Paraguai e México, sendo que 50 foram comandadas exclusivamente pelos jovens. A mudança de visão sobre a inclusão é evidente. Sabrina Trica conta que, até conhecia algumas pessoas portadoras de deficiência antes de entrar na entidade, mas nunca havia parado para pensar a respeito do assunto. "Hoje eu reparo, em qualquer lugar que eu vou, se o espaço é acessível ou não. Fico pensando: como essa pessoa faz para passear no shopping ou ir à universidade? É muito difícil!", comenta.

Na opinião da estudante de Jornalismo Marina, o problema é que a sociedade não prioriza a diversidade, tentando homogeneizar as pessoas. "Me incomoda muito estes parâmetros e padrões impostos. A inclusão, no entanto, diz: somos diferentes e ponto. Mas é difícil, porque não estamos acostumados a lidar com pessoas portadoras de deficiência no nosso dia-a-dia", destaca contando que pretende mostrar que os jovens podem sim contribuir para a transformação da sociedade. "Eu quero ser agente mesmo". Agora, o grupo está elaborando um projeto para conquistar novos parceiros e ampliar as ações com mais recursos.


Serviço:
Escola de Gente - Comunicação em Inclusão
Endereço: Av. Fleming, 200, Barra da Tijuca - Rio de Janeiro - RJ
Telefone: (21) 2493-7610
E-mail: escoladegente@attglobal.net

Programa Oficineiros da Inclusão: Os ouvintes podem participar enviando e-mail: oficineirosdainclusao@radiomec.com.br ou ligando para a Central de Atendimento ao Ouvinte, de segunda a sexta-feira pelo telefone (21) 2252-8413 .

DANIELE PRÓSPERO
do site setor3

 
 
 

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