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ceará
21/12/2004
Projeto de Ostreicultura fará primeira coleta em fevereiro

CEARÁ- Uma experiência de cultivo de ostras está sendo desenvolvida na comunidade Quilômetro Quatro, em Camocim, como parte do projeto de Tecnologia da Ostreicultura em Comunidades Litorâneas no Estado Ceará. A previsão da primeira coleta é para fevereiro de 2005. Trata-se de uma unidade demonstrativa com 12 módulos familiares, sendo cada módulo composto por uma mesa com 12 travesseiros de cultivo, com o sistema de castigo, um sistema fixo submerso na maré cheia e fora dágua na maré baixa, quando as famílias envolvidas aproveitam para o manejo das ostras.

O projeto é executado pela Universidade Federal do Ceará (UFC), através do Núcleo de Estudos em Economia do Meio Ambiente (NEEMA) e Grupo de Estudos de Moluscos Bivalves do Instituto de Ciências do Mar (Labomar). O financiamento é do Fundo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Banco do Nordeste.

A equipe da UFC, formada pelo professor Rogério César Pereira de Araújo, engenheiros de pesca Maximiano Pinheiro Dantas e quando a maré está alta, os “berçários” em estrutura tipo mesa ficam submersos.


Sandra Carla Oliveira do Nascimento, e a estudante Cássia Rosane, esteve no último domingo em Camocim para uma reunião de avaliação e visita no projeto de cultivo de ostras. Os resultados foram considerados satisfatórios, com estimativa de 48 mil ostras, no período de oito meses, o que corresponde a uma receita de R$ 1.200,00 por mesa. “Este projeto tem o objetivo de gerar ocupação e renda extra aos membros da comunidade.

O cultivo de ostra utiliza a estrutura tipo mesa (suspensa), apropriada para as condições ambientais da gamboa, braço do Rio Coreaú, com uma profundidade de aproximadamente cinco metros. A estrutura consta de estacas de madeiras fixadas no solo, sendo suas extremidades livres ligadas por varas de bambu, que servem de apoio para os travesseiros”, explica o responsável técnico, engenheiro de Pesca Maximiano Pinheiro Dantas.

Ele enfatiza que a produção é obtida em duas fases: pré-engorda e engorda. Na primeira etapa, as sementes, ostras juvenis, são acomodadas em travesseiros com malha de quatro milímetros de abertura, por um período de 120 dias. Depois, as ostras são remanejadas para travesseiros de nove e de 14 milímetros até atingirem o tamanho comercial, que varia de seis a oito centímetros. Uma vez por semana, aproveitando a maré baixa, ocorre a limpeza das ostras com a retirada de predadores, parasitas e incrustantes como caranguejos, caramujos, poliquetas, cracas e algas.

“É a primeira vez que acontece este tipo de atividade com orientação. Está sendo ótimo o acompanhamento dos técnicos da Universidade. Estou com três mesas, a minha e as mesas de outros colegas que desistiram”. Com estas palavras, o pescador Raimundo Nonato Alves, 53 anos, expressa sua confiança no projeto que, na sua avaliação, tem todas as condições para melhorar a vida das famílias envolvidas com a geração de renda.

Outro pescador, Odilon Amaral Rocha, 70 anos, enfatiza que “a limpeza é um serviço fácil que pode ser feito por qualquer pessoa e não atrapalha o serviço de ninguém... é feita de oito em oito dias, durante duas horas, podendo ser no sábado e no domingo, quando a maré ficar baixa”. Também pescador, Francisco das Chagas Oliveira da Silva, 28 anos, revela que “só tinha ouvido falar de ostra na televisão. Agora já aprendi muita coisa. Estou gostando de trabalhar com ostras. Só é preciso tirar o lodo e a lama, a gente passa o escovão e balança dentro dágua”.

A presidente da Associação Comunitária dos Quilômetros, Maria das Graças Silva Rocha, comenta que desistiram algumas das 12 famílias selecionadas para o projeto “Algumas pessoas não acreditam, ficam com resistência em adotar este sistema. A Rede Globo está mostrando uma novela que fala sobre ostras. Aqui, a gente recebeu a estrutura e o conhecimento. O que se espera é uma grande produção.
Em Camocim, o preço é de R$ 3,60 a dúzia; em Jericoacoara é R$ 10,00”, disse Maria das Graças.

O professor Rogério César Pereira de Araújo, coordenador do projeto, faz questão de ressaltar que o cultivo agrega valor ao produto, sendo diferenciado da ostra de mangue. Ele disse que a equipe da UFC fará contato com restaurantes de Fortaleza para evitar o atravessador, o que garantirá melhores preços para beneficiar o produtor e não o intermediário.

Rogério comenta que no Ceará a atividade de coleta ou cultivo de ostras ainda contribui pouco para a geração de emprego e renda. As razões para isto devem-se a um mercado ainda incipiente que pode ser explicado pela falta de hábito alimentar. Em particular, o desenvolvimento do cultivo de ostras se mostra como uma prática viável para reduzir a pressão sobre os estuários da coleta desordenada das mesmas, contribuindo assim para a preservação deste ecossistema e, também, gerando uma renda complementar para as comunidades que possuem áreas propícias para tal fim. Um mercado potencial para o escoamento da produção de ostras é o setor turístico em crescimento no Ceará.

F. EDILSON SILVA
do jornal Diáro do Nordeste

 
 
 

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