Será que Silvio Santos é mesmo uma vítima?

Silvio Santos vestiu-se de Davi para enfrentar a batalha judicial da "Casa dos artistas" movida pela TV Globo, apresentada como encarnação de Golias. Ganhou a simpatia e a torcida entre formadores de opinião, gente que, em geral, não gosta de TV e, se gosta, não assiste ao SBT. Ou, se assiste, prefere não revelar.

Na sua conhecida competência de comunicador, Silvio avançou ainda mais na audiência dominical e atingiu o Fantástico, há quase 30 anos invencível no Ibope daquele horário. A torcida faz sentido: na luta do forte contra o fraco, tendemos sempre a olhar com mais benevolência para o lado frágil, indefeso. Existe aqui, porém, uma farsa.

Pelo seu monumental poder, a TV Globo pode até grudar na imagem de Golias. Mas Silvio Santos não é Davi: para ele, como para a imensa maioria dos proprietários de emissoras de TV, comunicação é audiência e, portanto, dinheiro. "Casa dos artistas" é apenas mais uma manifestação de sua genialidade em fabricar audiência e dinheiro. Todos sabem de sua indiferença com o jornalismo e por programas educativos.

Não está em disputa uma oferta de programas de qualidade, capaz de melhorar a educação do brasileiro. "Casa dos Artistas" é mais uma manifestação, entre tantas, de mau gosto da TV brasileira. Seria, reconheço, ingenuidade minha exigir que a luta de audiência fosse em torno mais da qualidade do que da quantidade de espectadores. É a regra do jogo, especialmente da TV aberta.

Daí que não torço para nenhum dos lados, porque acho que essa guerra é briga de dois Golias.

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