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Marta, Maluf, Alckmin, Erundina e Tuma são todos iguais?

Paulo Maluf disse que a "pecaminosa" Marta Suplicy deveria arder no inferno, por ter, anos atrás, experimentado maconha.

Para Marta, quem deveria estar no inferno é Paulo Maluf, responsável pela eleição de Celso Pitta, insinuando, pouco sutilmente, roubalheira.

Preocupados com mais um purgatório eleitoral, Maluf e Marta se unem para bater em Geraldo Alckmin, acusando-o de ter distribuído benefícios a parentes, quando era prefeito no interior de São Paulo.

Se traduzíssemos grosseiramente, os candidatos querem convencer os eleitores que de que seus adversários são ladrões, maconheiros ou protetores de parentes com recursos públicos.

Nesse show de insultos e acusações, os contendores apostam que, se o ataque pegar, ganham pontos, rabiscando a imagem de seus adversários. Faz sentido. Mas há um efeito colateral.

No desespero de manter ou ganhar eleitores, os candidatos se esquecem de que, mesmo eventualmente vitoriosos, estarão subindo ainda mais o muro que os separa dos cidadãos.

Dá para ver em números o tamanho desse descrédito.

***

Pesquisa Aprendiz/CPM, concluída na semana passada, na cidade de São Paulo, com 359 eleitores, de 18 a 44 anos, nas classes A e B, revela o tamanho monumental da desconfiança nas classes média e alta.

A imensa maioria, segundo a pesquisa, não acredita, de fato, no que ouve dos candidatos. Na prática, optam não pelo melhor, mas pelo menos ruim.

Entre 70 e 76% dos entrevistados disseram que os candidatos não têm uma proposta real, viável, sobre os seguintes temas: juventude, desemprego, meio ambiente, violência.

Pior: para 63%, os candidatos não "estão efetivamente interessados em melhorar a cidade".

Podemos dizer, com base nesses números, que o eleitor mais educado vê o horário eleitoral, lê as notícias, ouve as promessas, e considera a disputa um show basicamente de mentiras, meias verdades, ilusões e demagogia. É a suspeita de que tudo é a mesma droga, num desdém cívico.

***

Indagados porque não se interessam por eleições, os jovens mandam o seguinte recado de desconfiança.

Política é, pela ordem, um assunto cansativo, chato e repetitivo; cheira a desonestidade; é difícil de entender, "coisa complicada".

Estamos, aqui, falando do segmento A e B. Ou seja, o que poderíamos chamar de elite, gente com alto grau de educação, com acesso à informação.

O resultado não é tão diferente desse, quando se analisam amostras de todos os segmentos pesquisados.

Em primeiro lugar, com 40%, está a resposta "política cheira a desonestidade". Em segundo, 27% dos entrevistados disseram que política é assunto "chato".

Em terceiro lugar, 15% sintetizaram as desilusões da maioria. São pessoas que acham a política inútil. Elas apóiam a seguinte frase: "Não adianta perder tempo falando em política. O importante é trabalhar, produzir e deixar a política e os políticos de lado."

Pode parecer derrotismo, desesperança, mas não é; apenas descrença na intermediação do poder.

***

Indagados se "São Paulo tem jeito?", 86% disseram que sim e apenas 14%, não.

A maioria está certa. Como sempre digo aqui, neste espeço, a cidace reúne um riquíssimo capital humano, com talentos nas mais diversas áreas; e uma crescente vontade de mudar, de melhorar São Paulo, tamanho o incômodo diante do caos, dos desmandos, da sensação de orfandade.

Só que eles, neste momento, não confiam nos políticos, sempre metidos em falcatruas, negócios suspeitos, promessas ostensivamente inviáveis.

O descrédito coloca todos no mesmo saco. O que é injusto e incorreto. O que, no final, ajuda aos malandros e prejudica os mais sérios.

Quem sai perdendo mesmo é a cidade, que, sem mecanismos de fiscalização e participação, vai demorar ainda mais a sair desse lodo.

***

PS: Uma única idéia, já desenvolvida por vários urbanistas, ajudaria a melhorar o humor do habitante de São Paulo: valorizar o centro. Idéia já no papel e até orçadas: tirar a sede do governo estadual do Morumbi e transferi-la para o centro. Mais investimentos na região em projetos culturais
(como a Pinacoteca e a Sala São Paulo). Atrair universidades, estimulando a vida noturna. Seriam criados espaços seguros, juntando lazer e história. Há casos bem-sucedidos (Times Square, por exemplo) mostrando que a recuperação de áreas centrais irradia confiança em toda a cidade. A propósito, está vazio, sem utilidade, o imponente e charmoso prédio dos Correios, no vale do Anhangabaú, o que é, no mínimo, um desperdício. Urbanistas propõem que ali fosse instalado o gabinete do governador.

Já existem até projetos para recuperar cinemas da avenida São João, vizinhos do prédio dos Correios, hoje pulgueiros ou espaços de pornografia, transformando-os num corredor musical. Há projetos sugerindo que a velha estação da Luz se transforme numa universidade aberta de arte, assim como o antigo Dops vá ser uma universidade de música.

Boa parte dessas obras pode ser financiada com recursos da iniciativa privada, graças aos incentivos fiscais. A verdade: falta menos dinheiro do que gente que goste dessa cidade.

Clique aqui para fazer download da íntegra da pesquisa, (arquivo Powerpoint).

 

 
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