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Discussão
do caráter é, na maioria das vezes, perda de
tempo
O bom desempenho eleitoral do PT está ancorado, em
larga medida, na sua imagem de paladino da moralidade - favorecida
, especialmente em São Paulo, porque as mazelas se
transformaram numa das marcas da gestão Pitta.
Alimentar
as denúncias contra Pitta tem o vantajoso efeito colateral,
para o PT, de atingir seu ex-padrinho, Paulo Maluf.
A disputa
entra, assim, no campo não das propostas, mas do caráter,
enredando o imaginário do leitor da briga do bem contra
o mal. Maluf também reage nessa mesma esfera e ataca
Marta por defender temas ( homossexualismo) que, em sua visão,
maculariam moralmente - há, de fato, ouvidos para essa
pregação.
É
uma tentação de qualquer eleição:
desqualificar o candidato, apontá-lo como moralmente
frágil.
Friamente
falando, é apenas um show. Combate à corrupção
não é programa de governo, é apenas condição
elementar de um administrador. Vende-se honestidade como se
fosse uma suprema qualidade, um monumental esforço.
Assim
como, na maioria das vezes, pouco deveria importar a vida
privada do candidato, na avaliação de sua competência
pública. Qualquer ser humano tropeçou em algum
momento. Não é por isso que estará inabilitado
a ser um administrador eficiente.
Esse,
porém, é um discurso racional, uma ilusão,
supondo um eleitor que não se envolvesse no show de
marketing e na atração das vidas íntimas
dos candidatos.
É
mais emocionante, convenhamos, mas menos produtivo. Joga mais
o debate nas personalidade é menos no programa de governo,
nas soluções à cidade.
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