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FHC
merece o prêmio da ONU?
Acusado
durante a campanha eleitoral de fazer pouco pelos pobres,
o presidente Fernando Henrique Cardoso transformou o prêmio
da ONU em reconhecimento aos avanços sociais no Brasil,
que lhe foi entregue ontem em Nova York, numa espécie
de ato de desagravo. Não faltaram esforços publicitários
- com recursos públicos, óbvio - para alardear,
no Brasil, esse prêmio. Mas o presidente pode ser condecorado
pelos avanços sociais brasileiros? Aliás, houve
tais avanços?
Primeiro:
houve avanços, como mostram pesquisas sérias,
nos campos da saúde e da educação. Nunca,
em toda a nossa história, criaram-se tantos programas
de renda mínima, destinados a manter crianças
nas escolas, estimular as mães a cuidar melhor de seus
filhos (bolsa-alimentação) e tirar meninos e
meninos do trabalho (Peti). O combate à inflação
aumentou o poder aquisitivo da população, especialmente
dos mais pobres.
Todos
esses programas, porém, são fruto de uma articulação
federal, estadual e municipal, muitas vezes em parceria com
a comunidade. São também resultado de experiências
feitas em cidades, depois federalizados. Ninguém, com
um mínimo de seriedade, diria que a mortalidade infantil
caiu apenas graças a Fernando Henrique Cardoso. Assim
como o aumento da matrícula escolar é resultado
também o esforço de prefeitos e governadores.
O presidente,
vamos reconhecer, teve papel relevante e merece aplausos.
Mas é injusto centralizar nele o reconhecimento da
ONU. O ideal seria entregar o prêmio ao presidente em
nome do povo brasileiro.
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