A
briga entre ACM e Jader estimula a suspeita de que todo político é ladrão
Se fosse um diabólico
plano, arquitetado por uma nação estrangeira para desmoralizar a
classe política brasileira e facilitar a dominação do país,
dificilmente seria tão bem-sucedido quanto a sucessão de denúncias
desde o início deste ano _especialmente o embate entre Antonio Carlos Magalhães
e Jader Barbalho.
Há tempos não
se via tanta sujeira disseminada em tão pouco tempo contra a imagem dos
políticos.
Logo depois das eleições
municipais e, especialmente, depois da posse, fez-se um inventário da herança
deixada pelos ex-prefeitos; muitas cidades pareciam ter sido vítimas de
pilhagem.
Virou assunto popular a
curiosidade sobre o patrimônio, supostamente clandestino de ACM e de Jader
Barbalho, duas das mais influentes figuras no Senado federal. Ao atingir as cúpulas
do PMDB e PFL, a pancadaria esmurra a base de sustentação do governo
e, por tabela, o presidente Fernando Henrique Cardoso.
O embate criou um clima
emocional no qual grudaram mais denúncias que afetam, direta ou indiretamente,
os dois contendores e uma constelação de políticos de segundo
escalão.
Fitas divulgadas pela revista
Veja na edição passada dão pistas de que parlamentares do
PFL baiano, de ACM, mudaram-se para o PMDB, de Jader, seduzidos pela ideologia
monetária. O que detonou a previsível suspeita de que ACM tenha
participado do grampo.
Além de cercado de
suspeitas patrimoniais, Jader vê-se obrigado a responder às denúncias
atingindo pessoas que indicou para a Sudam.
ACM acusa o Ministério
dos Transportes, ligado ao PMDB, de nutrir uma quadrilha. E mais: ameaça
envolver Fernando Henrique Cardoso, acusando-o de conivência com bandalheiras.
O PMDB _apoiado em denúncias
apuradas pelo PT_ revida e amplifica relatório de auditores do Tribunal
de Contas da União, apontando irregularidades no aeroporto Luís
Eduardo Magalhães, em Salvador. Segundo auditores, R$ 18 milhões
teriam sido desviados da obra, construída pela OAS, de um genro de ACM.
O partido já estava
fazendo o máximo para divulgar o livro "Memória das Trevas",
no qual o presidente do Senado é apresentado como um perverso delinqüente.
Nessa briga não há
ganhadores. Apenas, na melhor das hipóteses, quem perde mais ou perde menos.
O clima de lavagem de roupa, em meio a tantas denúncias, estimula a suspeita
generalidade (e por isso equivocada) de que todo político é ladrão.
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