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São Paulo melhora até se eleger um poste

Com uma população de 10 milhões de habitantes, a cidade de São Paulo está passando por uma debandada de proporções monumentais.

De acordo com pesquisa a ser divulgada pela Emplasa ( Empresa Metropolitana de Planejamento da Grande São Paulo), num prazo de apenas cinco anos o saldo negativo de entrada e saída de pessoas é de quase meio milhão _ mais precisamente, 478 mil.

É o que se constata entre os anos de 1991 e 1996, demonstrando êxodo ainda mais acelerado do que toda a década anterior.

Entre 1980 a 1991, a diferença negativa entre quem chegou e foi embora é de 737 mil.
A seguir o ritmo, o fluxo negativo é hoje de 90 mil por ano; menos um estádio superlotado do Morumbi.

Para comparar, lembremos que, entre 1970 e 1980, o saldo foi positivo em 1,5 milhão de migrantes, inchando favelas e periferias; 150 mil a mais todos os anos. Mais do que um empanturrado o Maracanã.

Explica-se o fluxo negativo pela classe média e alta que, cansada do estresse urbano, procurou refúgio no interior ou condomínios.

Importa mesmo, porém, a crise econômica. A cidade deixou de atrair migrantes e passou a expulsá-los.

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As chances de melhoria da qualidade de vida na cidade de São Paulo estão, em larga medida, atreladas às tendências populacionais. Entre elas, a reversão do ciclo de migração.

Quem se detiver na análise dessas tendências conclui, sem maiores dificuldades, o que, à primeira vista, soa absurdo: independente de quem seja eleito, a cidade tende a melhorar, movida por um círculo virtuoso.

Um bom ou mau prefeito vai determinar se a melhoria vai ser mais ou menos rápida.

A redução do crescimento populacional, apressada também porque a mulher tem mais condições de planejar o tamanho de sua família, diminui o desafio da crônica crise social.

Óbvio que, com a menor entrada de pessoas pobres, indigentes, sem escolaridade, a ação social do poder público é facilitada.

Se, por um lado, despenca a migração dos mais pobres, de outro continua acelerada a atração dos talentos espalhados em todo o país, seduzidos por possibilidades de progresso profissional ou intelectual.

Por mais perverso que seja para o resto do Brasil, drenada em valioso capital humano, significa, na prática, o enriquecimento de São Paulo _ exatamente onde está uma das molas propulsoras do desenvolvimento de Nova York.

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Tão favorável para a administração da cidade é mudança do perfil da população.

A porcentagem dos habitantes até 14 anos de idade vem caindo ininterruptamente. Em 1980, eram 33,4% da cidade; hoje, 26,7%.

Em termos absolutos, essa faixa etária quase não muda há 20 anos, estacionada em torno de 2,6 milhões pessoas.

Até para o controle da criminalidade essa é uma estatística benéfica. Está provado que o aumento do crime está associado à combinação de pobreza, marginalidade e inchaço do segmento jovem, presa do subemprego ou desemprego.

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Em 1970, o número de crianças e jovens matriculados no primeiro e segundo graus era de 1 milhão. São, agora, 4 milhões.

Vemos que a população infantil e jovem não se altera em quantidade, mas está mais educada.

Nesse período, os trabalhadores com ensino superior passaram de 6% a 16%; ensino médio, de 7,3% a 25,9%.

Os dados disponíveis indicam aceleração dos níveis educacionais no ensino médio e superior, compatível com a demanda de trabalhadores mais qualificados.

Com a perda do poder da indústria, a cidade vai, aos poucos, encontrando sua vocação aos serviços, exigindo gente qualificada. Domínio de inglês e informática passaram a ser obrigações no currículo.

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Seria uma imbecilidade deixar de reconhecer que São Paulo vive, hoje, no limiar do caos, cercada pela violência, trânsito, enchentes, poluição. Isso que todos sabem e não se cansam de repetir.

Mas quem quiser avaliar as chances de virada da cidade deve ir além do óbvio, do fuxico eleitoral, do jogo de acusações e idas ilusões dos candidatos.

Gera-se uma massa crítica, educada, atenta, que vai mudar, na marra, a qualidade de vida e pressionar os prefeitos e vereadores.

Com base no mudança do perfil populacional, dá para dizer, sem medo de exagero, que esse ou aquele prefeito pode ser pior ou melhor. Mas mesmo que elejam um "poste", a tendência de melhoria da comunidade é inexorável.

Quando essa tendência ficar clara, boa parte daquele grupo da classe média e alta que buscou refúgio vai se sentir tentado a voltar para onde está o burburinho criativo, reunindo os melhores talentos e, por isso, as pessoas mais interessantes.

Gente interessante é, afinal, o que faz a cidade interessante e, em essência, a vida interessante.

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PS- Por falar em eleição e poluição. Já dá para protestar virtualmente contra um absurdo eleitoral. Nada mais absurdo do que um candidato prometer defender a cidade e sujá-la com sua propaganda. A agência de publicidade NewcommBates criou uma campanha com o título "Quem suja a cidade não merece seu voto".

As peças da campanha, ainda inéditas, e a chance de enviar e-mails de protesto aos candidatos podem ser acessadas pelo site da Cidade Escola Aprendiz

 

 
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