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FHC
troca Palácio pela educação
Sai o
presidente, entra o educador.
A dois anos de deixar o Palácio do Planalto, esse é o projeto
de vida do presidente Fernando Henrique Cardoso _ dedicar-se
ao debate de idéias, pretendendo fazer do país uma espécie
de sala de aula.
"Volto à vida intelectual", informa FHC à coluna GD, num retorno
às suas origens de professor, afirmando descartar qualquer
projeto continuísta, com uma propalada aprovação do regime
parlamentarista.
Aos amigos, ele afirma que permanecer, mudando as regras do
jogo, seria "golpe". Melhor aposentar-se com "dignidade" a
passar a imagem de "golpista".
Ele pretende encher sua agenda com aulas e palestras no Brasil
e exterior, fazendo de Ibiúna, no interior de São Paulo, onde
tem casa de campo, seu quartel-general. Só não deixaria Brasília,
caso fosse aprovada a figura de senador vitalício, privilégio
concedido a ex-presidentes.
Nas conversas reservadas, ele se mostra convencido de que,
ao final de mandato, será o mais importante formador de opinião
no Brasil, assegurando atenção para suas reflexões_ daí teria
uma atenta e repleta sala de aula.
A economia estaria crescendo em 2002, o governo, fortalecido
com os bons indicadores, faria o sucessor, haveria menos pobreza.
Essa combinação daria ao presidente prestígio, transformado
em figura-chave no debate político nacional, sem os limites
da rotina do poder.
Mas seu grande projeto educacional não está nas aulas, palestras
ou artigos, mas na principal obra literária de sua vida: escrever
suas memórias.
O projeto de livro é uma idéia antiga, agora retomada. Quando
era senador e estava convencido de que não tinha espaço eleitoral,
antes de virar chanceler no governo Itamar Franco, FHC pretendia
aposentar-se e escrever sobre a transição política que testemunhou
pelos bastidores.
Semanalmente, ele grava depoimentos para ir, aos poucos, armazenando
e sistematizando dados, matéria-prima para o texto final.
Por se tornar presidente, o livro deixou a terceira pessoa,
mas vira 'memórias' _e, aí, vai contar o que viu e sentiu,
ensinando sobre os bastidores do poder e o que aprendeu administrando
o Brasil por dois mandatos.
Ele tem dito que sequer sabe se poderia lançar o livro ainda
vivo, para não provocar constrangimentos nos vivos _ ou melhor,
nos vivíssimos.
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