Os
pessimistas quebraram a cara
Na última semana
do ano, podemos dizer, ao avaliar os números da realidade brasileira, que
os pessimistas quebraram a cara -- mas os otimistas não têm muito
o que comemorar.
A economia cresceu, a inflação
manteve-se estável, o desemprego caiu e a renda do trabalhador insinua
um tímida tendência de recuperação.
Mas o país prossegue
vulnerável, incapaz de gerar saldos seguros na balança comercial
(diferença entre exportações e importações);
aumenta sua dependência de investimentos diretos e a sua fragilidade diante
das oscilações internacionais.
Para suavizar a praga do
desemprego, o país deveria crescer mais rapidamente do que está
crescendo, a fim de absorver a mão-de-obra despejada no mercado. Está
limitado porque faltam recursos para investimento e, com esses inexpressivos saldos
na balança comercial, o crescimento é um permanente risco.
Ingrediente importante para
o crescimento, a reforma tributária está, na melhor da hipóteses,
em ponto morto.
Estamos longe de desativar
a bomba social, especialmente entre os jovens sem escolaridade; milhões
que, dificilmente, vão escapar da marginalidade, alimentando as tensões
e violência nas regiões metropolitanas.
O debate municipal animou
o país e elegeu uma nova safra de prefeitos, com boas idéias, muita
disposição, mas pouco dinheiro; bons candidatos a frustrarem seus
eleitores. Das boas notícias, é a lei de responsabilidade fiscal
que, se bem aplicada, pode evitar rombos com dinheiro público e ajudar
a vida dos futuros sucessores.
Continua aumentando o número
de matrículas, mas, como mostraram as pesquisas, a qualidade do ensino
é sofrível, péssima, em particular na educação
pública. Não há dinheiro para enfrentar o avalanche de matrículas
do ensino médio, ex-segundo grau.
Com todos os avanços,
os indicadores sociais brasileiros, a começar da distribuição
de renda, caminham a passos lentos. Na comparação com nações
vizinhas, mais pobres, estamos mal.
Denúncias de roubalheira,
como sempre. Mas também CPIs que ajudaram a transmitir a sensação
de que a impunidade não é regra intocável.
Timidamente, muito timidamente,
podemos erguer a taça neste final de ano e comemorando um país que,
apesar de tudo, prospera.
Pode não dar razão
aos otimistas. Muito menos aos pessimistas.
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