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Ricardo
Semler faz escola
Ricardo
Semler sempre foi um menino curioso. Mas, na escola, os professores,
quase todos desinteressantes, e as matérias desligadas
do cotidiano abatiam seu entusiasmo. Cabulava, tirava as notas
mínimas para passar o ano. "Se tirasse 5,5 na
primeira prova e precisasse de 4,5 na segunda, estudava apenas
metade do material", recorda.
O menino
se tornou empresário nacionalmente conhecido pela curiosidade
de mudar práticas de gestão. Estimulou, como
nunca se tinha visto no Brasil, a participação
dos empregados nas decisões. Dessa experiência,
surgiu o best-seller "Virando a Própria Mesa"
, de 1988 (a última edição saiu pela
Rocco em 2002).
Depois
de virar a empresa, empenha-se agora em virar a escola. Com
a ajuda de Helena Singer, cuja dissertação de
mestrado abordou experiências de escolas democráticas
-os alunos mandam tanto ou mais do que os professores-, Semler
lançou, em São Paulo, a escola Lumiar.
Percebeu
que a empresa democrática devia ser precedida de uma
escola democrática. "É preciso desprogramar
as pessoas que vêm trabalhar nas empresas, que passaram
a vida toda aprendendo a ficar quietas, a sentar, a levantar
e a ir ao banheiro com permissão. São condicionadas
a seguir instruções em vez de pensar livremente."
A idéia
é criar um espaço no qual os alunos sejam protagonistas,
escolhendo o que e quando estudar, guiados não por
um currículo prefixado, mas pela curiosidade. "Se
alguém fosse 'criogenizado' há 150 anos e acordasse
numa empresa ou num hospital, numa casa ou no exército,
pouco reconheceria. Apenas numa escola sentiria que tudo estava
igual."
Na Lumiar,
o professor não é o professor como o conhecemos.
Não é guiado pelos conteúdos definidos
em currículos. Ele deve saber montar sua aula em cima
do presente, usando a curiosidade do aluno como sua principal
matéria-prima. Deve saber encontrar meninos como Semler,
tão encantados pelo saber que a escola chegou a atrapalhar
seus estudos.
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