A
fome de Lula
O primeiro
anúncio do presidente eleito Lula foi a criação
da secretaria contra a fome. Pelo menos do ponto de vista
mercadológico, ele acertou.
Muita
gente queria que, em nome da estabilidade financeira, ele
logo informasse os nomes de quem vai pilotar a economia. Mas
estaria reproduzindo a velha lógica de que os ministérios
econômicos são mais relevantes - ele ganhou a
eleição, porém, baseado na promessa de
melhoria dos indicadores sociais.
Nada é
mais absurdo num país com tanta terra do que a fome.
É fácil falar em fome, mas é difícil
definir quem merece o benefício e, mais, como esse
benefício se complementa ás demais políticas
federais, estaduais e municipais.
O risco
é essa política contra a fome repetir a velha
lógica assistencialista, comprovadamente uma fonte
de desperdício. Já vimos no passado o que ocorreu
com políticas federais de distribuição
de alimentos. Seria um retrocesso ao que já existe.
Os programas
de renda mínima (e a distribuição de
alimentos é mais uma modalidade desse tipo de ajuda
às populações mais pobres) têm
de exigir sempre contrapartida, obrigando a beneficiário
a algum tipo de compromisso: a bolsa-escola, por exemplo,
exige a manutenção da criança em sala
de aula.
Fora disso,
vira uma esmola que dá pouco dinheiro para os pobres
e muito aos espertalhões.
O melhor
que se pode fazer agora pela área social é evitar
a fragmentação e dispersão de projetos
- a área social tem fome de eficiência.
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