1,5
milhão de brasileiros é considerado rico
Menos de 1%
da população brasileira é rica. Isto significa
que 1,5 milhão de pessoas ganha mais de R$ 8 mil (precisamente
R$ 8.518,04). O salário médio per capita de uma família
rica, desde que as quatro pessoas trabalhem, é de R$ 2.129,51.
A definição da linha da riqueza e o conhecimento de
quem são os ricos do Brasil são fundamentais para
estabelecer uma política de combate à pobreza, segundo
o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Uma política
de eliminação da pobreza ''afetaria uma pequena elite
em favor de uma grande massa'', diz o estudo do Ipea. Ao contrário
do que acontece na África, o problema no Brasil é
de desigualdade, não de pobreza. A metade da riqueza do país
está nas mãos de apenas 10% da população.
Menos de 1% da população seria afetada para eliminar
a miséria no país, que atinge 34% da população.
O estudo está causando polêmica.
Os estudiosos
se dividem na hora de estipular um valor a partir do qual a pessoa
pode ser considerada rica. Nos Estados Unidos, a linha de riqueza
é outra. São considerados ricos os que ganham US$
110 mil por ano, o que dá pouco menos de R$ 273 mil. Dos
265 milhões de americanos, 15,2% das famílias têm
rendimento superior a US$ 100 mil anuais.
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Rico
brasileiro ganha R$ 8,5 mil
Um 'rico' no vermelho
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Rico
brasileiro ganha R$ 8,5 mil
Todas as famílias
brasileiras com rendimentos mensais acima de R$ 8.518,04 são
ricas, revela estudo inédito do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea). O trabalho ''A Construção de uma
Linha de Riqueza a Partir da Linha da Pobreza'', delimita esse universo
em 1,5 milhão de pessoas, ou pouco menos de 1% da população
brasileira. Dentro do mesmo critério, o salário médio
per capita de uma família rica (desde que as quatro pessoas
trabalhem) é de R$ 2.129,51.
A definição
da linha da riqueza e o conhecimento de quem são os ricos
do Brasil são fundamentais para estabelecer uma política
de combate à pobreza, afirma o pesquisador Marcelo Medeiros,
autor do trabalho. Ele argumenta que há, no Brasil, muitos
estudos sobre os pobres, mas pouco se sabe sobre os ricos. E deles,
declara, terão que vir os recursos para reduzir a pobreza.
No estudo, Marcelo
Medeiros usou a premissa de que a determinação da
linha de pobreza obriga necessariamente a um correspondente: a linha
de riqueza, um valor máximo que os ricos teriam direito de
ganhar para que o excedente fosse distribuído aos pobres,
garantindo a esses uma renda para tirá-los da pobreza. Se
a linha que delimita os mais pobres for fixada em R$ 84, a linha
da riqueza seria de R$ 2.129,51 mensais por pessoa. Os ricos teriam
que ficar menos ricos, comenta Medeiros.
A proposta é
polêmica e Medeiros reconhece que o estudo é um exercício
teórico que servirá de base ao desenvolvimento de
novos trabalhos para a formulação de sugestões
de políticas de combate à pobreza. Segundo ele, a
conclusão mais importante é de que uma política
de eliminação da pobreza ''afetaria uma pequena elite
em favor de uma grande massa''.
''O problema
no Brasil é de desigualdade, não de pobreza, como
acontece na África'', diz Medeiros. A metade da riqueza do
país está nas mãos de apenas 10% da população.
''O Brasil é um país com população igual.
Só que é igual na pobreza'', afirma. Numa das simulações,
o pesquisador conclui que menos de 1% da população
seria afetada para eliminar a miséria.
Medeiros parte
do princípio de que ''a pobreza é moralmente inaceitável''
e que os mais ''ricos'' estariam dispostos a dividir sua riqueza
com os pobres. Segundo o estudo, as medidas para erradicar a pobreza,
que atinge 34% da população, afetam ''uma parcela
mínima dos indivíduos mais ricos do país''.
Medeiros sonha
com um modelo em que os ricos dariam aos mais pobres a parte de
seus rendimentos que superasse os R$ 2.129,51, o valor que define
a linha de riqueza. Seriam estabelecidas escalas de graduação
para ricos e pobres: a transferência começaria com
os ricos que estivessem na parte mais alta da escala para os pobres
em pior situação. Pouco a pouco, os ricos ficariam
menos ricos e os pobres menos pobres até um momento em que
a pobreza estaria completamente erradicada. ''Se a população
é totalmente avessa à pobreza, estará disposta
a empenhar os esforços a seu alcance para eliminá-la'',
afirma o estudo.
Nos Estados
Unidos, a linha de riqueza é outra. São considerados
ricos os que ganham US$ 110 mil por ano, o que dá pouco menos
de R$ 273 mil. Dos 265 milhões de americanos, 15,2% das famílias
têm rendimento superior a US$ 100 mil anuais. Medeiros reconhece
que o tema é controverso: os estudiosos se dividem na hora
de estipular um valor a partir do qual a pessoa pode ser considerada
rica.
Em seu trabalho,
Medeiros considerou duas hipóteses de linha de pobreza. A
primeira com rendimento médio por pessoa de R$ 84. Dentro
desse critério, vivem 53,1 milhões de pobres com renda
mensal familiar (quatro pessoas por família) de até
R$ 336. A segunda considera pobres os que tivessem rendimento de
até R$ 68 por mês. Nesse caso, o número total
de pobres cairia para 41,6 milhões, e a linha da riqueza
subiria para R$ 2.816,47. Ou seja, os 800 mil brasileiros - 0,5%
da população - com rendimento acima desse valor teriam
que doar o excedente aos pobres.
(Jornal do Brasil)
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Um
'rico' no vermelho
O economista
Carlos Thadeu de Freitas Gomes, 53 anos, é um exemplo do
que seria um rico brasileiro. Com renda mensal acima de R$ 9 mil
e sustentando uma família de quatro pessoas, o economista
afirma que o estudo não condiz com sua realidade.
Morando em residência
própria e os filhos estudando em universidade federal, Carlos
afirma viver no padrão de uma família de classe média.
Entre seus ''luxos'', cita os jantares em restaurantes nos finais
de semana. Conta que a última viagem para o exterior com
a família foi realizada há quatro anos. Afirma que
o governo consome cerca de 30% do seu salário com o pagamento
de impostos e taxas públicas e contas de energia, telefonia
e gasolina. Além disso, vive no cheque especial, pagando
10% do salário em juros bancários e empréstimos.
''Esse pesquisador
quer fazer uma política Robin Wood. Não é possível
fazer uma distribuição de renda de acordo com a proposta
dele'', diz. Carlos sugere que o governo crie um fundo de investimento
na educação com dinheiro arrecadado dos mais ricos,
em vez de uma política de distribuição de renda
direta.
(Jornal do Brasil)
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