Não
se engane pelo aumento do emprego industrial
Apesar do saldo positivo no mês de março (0,3%), a
trajetória do nível de emprego é cadente, e
não deverá apresentar as mesmas estimativas positivas.
Pior: a folha salarial ou folha real de pagamentos das fábricas
encolheu 3,6%. Isto é, os dados dos Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a despeito
do ligeiro aumento do emprego, tanto os salários reais, como
o próprio emprego mantém o ritmo de queda.
Um dos estados
mais afetados pela crise no mercado de trabalho é o Rio de
janeiro. O Boletim trimestral do Instituto de Estudo do Trabalho
e Sociedade (Iets), divulgado ontem, mostra sinais de deterioração
da qualidade dos empregos, do nível de renda e da capacidade
de criar oportunidades. Para se ter uma idéia, a renda dos
chefes de família caiu 6,9% e a taxa de desemprego saltou
de 3,9% para 5,4%.
Outro dado positivo
que também dá o que falar é a recuperação
da indústria, apontado pelo Instituto de Pesquisa Aplicada
(Ipea). De acordo com o indicador da instituição,
a produção industrial em abril cresceu 1,7% contra
março e 4,5% contra abril do ano passado. Apesar disso, o
Ipea revisou para baixo suas projeções de crescimento
da economia para este ano. Estimativa, que antes era de um crescimento
de 2,5% para o PIB em 2002, caiu para 2%.
Leia
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- Indústria cresce em abril, mas Ipea prevê
PIB menor
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no Rio pede socorro
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Indústria
cresce em abril, mas Ipea prevê PIB menor
Apesar da queda
de março, a indústria voltou a crescer em abril, segundo
projeções do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada). De acordo com o indicador Ipea, a produção
industrial em abril cresceu 1,7% (índice dessazonalizado)
contra março e 4,5% contra abril do ano passado.
Apesar de os
números do Ipea mostrarem que a indústria voltou a
mostrar recuperação em abril, o instituto revisou
para baixo suas projeções de crescimento da economia
para este ano. A previsão de Ipea, que antes era de um crescimento
de 2,5% para o PIB em 2002, caiu para 2%.
O economista
Paulo Levy, coordenador de conjuntura do Ipea e responsável
por esses cálculos, diz que essa revisão se deve a
dois fatores. Em primeiro lugar, ao fato de a queda da produção
industrial no último trimestre do ano passado ter sido muito
maior do que ele tinha previsto. De acordo com o IBGE, a indústria
caiu 5,48% nos últimos três meses do ano passado.
Segundo o economista
do Ipea, esse resultado do ano passado irá exigir da indústria
um esforço maior na sua recuperação. Como o
impulso da economia foi pequeno, o PIB deverá apresentar
um crescimento menor.
Outro fato importante, segundo Levy, foi o fato de o Banco Central
ter interrompido o processo de redução dos juros básicos
da economia. Segundo o economista, os juros têm efeito principalmente
sobre a expectativa dos agentes econômicos.
Em função
disso, a indústria caiu 1,6% no primeiro trimestre deste
ano em relação ao mesmo período de 2001. O
Ipea previa anteriormente uma queda de 0,6%.
Já para
os outros trimestres, o Ipea prevê um salto na recuperação
da indústria. No segundo trimestre, a projeção
é de uma alta de 2%. Para o terceiro, de 3%, e no quarto,
de 4,5%.
Segundo Levy,
os números da indústria, a partir de agora, deverão
ser expressivos. No ano passado, não se pode esquecer que
a produção industrial foi fortemente influenciada
pelo racionamento de energia.
Além disso, de acordo com o Ipea, a queda dos juros na economia
deverá se acelerar no segundo semestre deste ano.
Para esses cálculos,
o Ipea toma como base algumas premissas. Em primeiro lugar, que
a economia internacional, em especial os Estados Unidos, continuam
seu processo de recuperação. Além disso, a
inflação no Brasil, ainda que pressionada, mantém
uma perspectiva de queda. E a política fiscal deve atingir
as metas traçadas para o ano.
Levy avalia
que houve precipitação dos analistas em dar como encerrado
o processo de recuperação da indústria a partir
dos números de março do IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística). De acordo com o IBGE, a indústria
em março caiu 3,8% em comparação com o mesmo
mês do ano anterior.
Levy explicou
que o resultado de março da indústria foi fortemente
influenciado pelo menor número de dias úteis deste
ano. Como o feriado da Semana Santa neste ano caiu em março,
o mês teve 22 dias úteis, contra 20 de março
de 2001.
Já no
mês passado, Levy observa que ocorreu o contrário,
já que a Semana Santa de 2001 caiu exatamente em abril. Ou
seja, abril deste ano teve dois dias úteis a mais, o que
explica o fato de a indústria ter apresentado uma alta expressiva
de 4,5% contra o mesmo mês do ano anterior.
(Folha de
S. Paulo)
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