Investimentos
estrangeiros estão saindo do Brasil
O dinheiro está
fugindo do Brasil. Literalmente. Não só por causa
da eleição presidencial, mas também pelo medo
de ocorrer uma desvalorização cambial.
O risco brasileiro só perde hoje para os da Argentina, do
Equador e da Nigéria. Pior: é maior do que o de países
como a Venezuela e a Rússia. O investidor estrangeiro não
quer correr riscos com seu valioso dinheirinho. Então, transfere
seus dólares para investimentos mais seguros como títulos
do Tesouro norte-americano. A quantidade de dinheiro mandada para
o exterior dobrou no último mês.
As agências
que medem o risco dos países já tinham colocado o
Brasil no alvo quando as pesquisas mostram as chances de ganhar
as eleições o pré-candidato do PT à
Presidência da República, Luiz Inácio lula da
Silva. Agora, o medo é que o pré-candidato do PSDB,
José Serra, não decola e não venha a decolar
nos últimos quatro meses da capanha eleitoral. Não
é que os investidores torçam por alguém. É
que a manutenção da atual política econômica
tranquilizaria o dito mercado.
A outra questão
é econômica. E, pelo visto, anda em círculos.
Muitas instituições apostaram, no início do
ano, que as cotações permaneceriam estáveis.
Com isto, investiram em contratos futuros. Com a escalada do dólar,
nas últimas duas semanas, a operação deixou
de ser rentável e os bancos começaram a se desfazer
dos contratos. Os prejuízos com esta aposta infeliz, dizem
os especialistas, podem ultrapassar US$ 1 bilhão.
Leia
mais:
- Especulação faz risco-Brasil quebrar mais um recorde
- Caem os investimentos estrangeiros no país
- Investidores retiram milhões
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Especulação
faz risco-Brasil quebrar mais um recorde
O risco-Brasil
ultrapassou ontem a barreira dos mil pontos diante da especulação
em torno da sucessão presidencial, da fuga dos grandes investidores
estrangeiros e de uma aposta errada dos bancos no dólar estável.
No fim do dia, a taxa, medida pelo banco americano JP Morgan, recuou
para 972 pontos - mesmo assim, uma alta de quase 3% em relação
à véspera e o nível mais alto do ano. O risco
brasileiro só perde hoje para os de Argentina, Equador e
Nigéria e é maior do que o de países como Venezuela,
e Rússia.
''Nos últimos
dias, houve um aumento generalizado do risco dos países emergentes
devido a uma corrida dos investidores estrangeiros para ativos mais
seguros, como os títulos do Tesouro americano. Existe um
temor muito grande em relação a atentados terroristas
nos Estados Unidos e isso influencia todo o mercado'', explicou
Dany Rappaport, da consultoria Tendências.
Entre os emergentes,
o mais prejudicado pelo movimento dos investidores foi justamente
o Brasil, que está a quatro meses de uma eleição
presidencial em que o candidato do governo, José Serra, ainda
não decolou. Nesse cenário, a especulação
encontra terreno fértil, avalia o economista. ''Temos fundamentos
muito frágeis. Nosso déficit fiscal é enorme
e a poupança interna, muito pequena. Com a eleição,
a percepção do risco piora.''
Fábio
Akira, economista-sênior do Banco BBV, discorda. Os últimos
números da economia vêm sendo favoráveis, afirmou.
Para ele, os motivos da alta do risco-Brasil são técnicos.
''Mesmo porque houve notícias favoráveis aos olhos
do mercado, como a confirmação de Rita Camata como
vice de Serra, e a aprovação da CPMF no Senado'',
lembrou.
Pesou também
na disparada do risco-Brasil a alta do dólar. A moeda americana
chegou a ser negociada a R$ 2,55, devido à grande procura
por parte dos bancos. Muitas instituições apostaram,
no início do ano, que as cotações permaneceriam
estáveis, na faixa de R$ 2,30, e investiram em contratos
futuros, os Forward Rate Agreements (FRA) de cupom cambial. Com
a escalada do dólar, nas últimas duas semanas, a operação
deixou de ser rentável e os bancos começaram a se
desfazer de suas posições. Os prejuízos com
esta aposta malfadada podem ultrapassar US$ 1 bilhão, segundo
operadores do mercado.
Para zerar suas
posições, os bancos tiveram que comprar moeda americana
em larga escala, o que pressionou as cotações. O dólar
comercial fechou vendido a R$ 2,528, em alta de 0,11%. A valorização
da moeda americana é outro fator de aumento do risco-país,
já que faz crescer a dívida pública - cerca
de 30% dos títulos da dívida interna são atrelados
ao câmbio.
O dólar
ganhou ainda mais fôlego com a decisão do Banco Central
de manter a taxa básica (Selic) em 18,5% ao ano. A medida
preocupou analistas. ''Sob a atual política monetária,
estamos preocupados com a possibilidade de a economia brasileira
permanecer frágil demais para suportar o explosivo crescimento
da dívida de curto prazo'', assinalou relatório do
banco Bear Stearns distribuído ontem a seus clientes. O banco
alerta que os juros ''assustadoramente'' altos podem dar origem
a um ''ciclo vicioso''.
(Jornal do
Brasil)
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Caem os investimentos estrangeiros
no país
O Banco Central
voltou ontem a dar uma força para o candidato do PSDB à
Presidência, senador José Serra. O chefe do Departamento
Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, afirmou ontem que
a recente instabilidade no mercado financeiro provocada pelos relatórios
de bancos e de agências de classificação de
risco afetou a entrada de recursos externos do Brasil em maio.
Os relatórios
em questão, apontavam para o risco de o candidato do PT à
Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, vencer as eleições.
Lopes deixou claro que a ''volatilidade'' do período no mercado
financeiro ocorreu em função desses relatórios
de conteúdo político.
Até a
última quarta-feira, havia ingressado no país US$
800 milhões e a previsão é de que ao final
do mês o montante fique entre US$ 1,2 bilhão e US$
1,4 bilhão. Esses recursos não serão suficientes
para cobrir o déficit em transações correntes
(conta que inclui o comércio exterior, serviços e
rendas) de maio, que deverá, segundo os cálculos do
BC, chegar a US$ 2 bilhões.
''Houve um movimento
de recuo de forma generalizada, não só no investimento
direto, mas também nos demais fluxos. As taxas de rolagem
recuaram um pouco e isso se deve a todas essas volatilidades que
a gente percebeu no mercado'', disse Lopes. Entretanto, para amenizar
possíveis impactos políticos de suas declarações,
o funcionário do BC explicou que, no acumulado de janeiro
a maio, o fluxo de investimentos diretos deve superar o déficit
em transações correntes.
Em abril, o
fluxo totalizou US$ 1,964 bilhão, acumulando no ano US$ 6,662
bilhões. A projeção da autarquia é de
que, ao final de 2002, alcance US$ 18 bilhões. Para o secretário
do Tesouro Nacional, Eduardo Guardia, é esse valor o que
realmente importa porque demonstra a confiança dos investidores
estrangeiros.
O secretário
também atribuiu o aumento do risco-Brasil, que ontem passou
dos mil pontos, à instabilidade do mercado por causa das
eleições. ''Esse movimento de volatilidade acontece
em função de incertezas em relação ao
futuro. Por isso, essa flutuação. Mas ela ocorre porque
este é um período de pouco mais instabilidade do ponto
de vista da economia e da conjuntura política''.
Em abril, o
déficit em transações correntes atingiu US$
1,983 bilhão. Nos quatro primeiros meses do ano, acumula
US$ 5,215 bilhões. O BC espera que, ao final de 2002 fique
em US$ 20,703 bilhões.
De acordo com
o relatório do Banco Central, o brasileiro está retomando
as viagens ao exterior após vários meses em que o
dólar alto assustou os viajantes. Os gastos em maio já
somam US$ 98 milhões, contra US$ 77 milhões em março.
(Jornal do
Brasil)
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Investidores retiram milhões
A Bolsa de Valores
de São Paulo (Bovespa) fechou ontem em alta de 1,51%. Um
dos fatores que animou o mercado foi a aprovação da
Contribuição Provisória sobre Movimentação
Financeira (CPMF) no Senado - com direito a isenção
para o mercado de ações. O balanço dos investimentos,
no entanto, está longe de ser positivo. Investidores retiraram
da bolsa R$ 155,276 milhões só nos 20 primeiros dias
de maio, segundo levantamento divulgado pela Bovespa.
Preocupada com
os insistentes rumores sobre o esvaziamento do mercado paulista,
a direção da Bovespa lançou um pacote de medidas
para salvar o centenário pregão viva-voz da extinção.
Nos últimos cinco anos, a negociação por computadores
só ganhou espaço, em detrimento do pregão viva-voz,
que hoje emprega 280 operadores.
Este ano, até
abril, o pregão eletrônico respondia por 62% do volume
negociado na bolsa. Em 1996, a situação era inversa:
o viva-voz era responsável por 92%dos negócios.
O vice-presidente
da Bovespa, Eduardo Brenner, negou a existência de um plano
institucional para extinguir o viva-voz, contrariando as previsões
das corretoras de que esse pregão seria extinto até
o fim do ano.
A Bovespa decidiu
aumentar a lista dos papéis negociados no sistema viva-voz,
uma antiga reivindicação dos operadores. Agora, serão
12 ações negociadas no pregão. Também
subiu o valor mínimo para leilão, de R$ 0,01 para
R$ 0,05.
(Jornal do
Brasil)
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