12/11/2010

Cruz Vermelha já atua em favelas de São Paulo

Eduardo Santos Nascimento

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), que possui escritórios em favelas do Rio de Janeiro, já chegou às favelas paulistanas. Quem afirma é Gabriel Valladares, assessor jurídico do CICV. Valladares conta que o comitê passou dois anos em processo de conhecimento das comunidades cariocas antes de abrir seu primeiro escritório. “Apesar de termos instalado nosso escritório em 2008, nosso trabalho começou muito antes, em 2006”, afirma.

Antes da entrada formal do CICV nos morros carioca, houve uma longo contato com líderes comunitários, conversas coloquiais para apresentação do trabalho do Comitê. Valladares afirma que, no momento, o trabalho feito com as favelas de São Paulo está no mesmo estágio do que se fazia em 2006 nas favelas cariocas.

O CICV se faz necessário no estado porque, apesar de não possuir índices de violência tão altos quanto os do Rio de Janeiro, o governo de São Paulo também encontra dificuldade para levar as condições mínimas de segurança a seus morros. O Coronel André Vianna, da reserva da Polícia Militar de São Paulo, afirma que, mesmo com o maior contingente policial da América Latina, o estado de São Paulo não possui pessoal suficiente para praticar o policiamento comunitário na cidade inteira.

O que é o policiamento comunitário
Esse modelo, adotado em países como Inglaterra e EUA, acontece através da criação de bases comunitárias, que devem patrulhar sua área, interagir com a comunidade, prevenindo a violência. Cada base precisa de pelo menos 12 policiais para funcionar, e outro limitante para sua instalação é a necessidade de "uma comunidade previamente organizada. Por exemplo, não se pode instalar uma base de polícia comunitária de imediato dentro de uma favela que tenha rechaço da atuação policial", diz Vianna.

Mesmo em bases estabelecidas o policiamento comunitário às vezes é falho. Em notícia de março desse ano, o Estado de S.Paulo denunciou policiais negligentes em bases do centro da cidade. O coronel Vianna admite que "existem muitas falhas e muito a ser melhorado" em relação à polícia militar.
As Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do Rio de Janeiro seguem o mesmo princípio de polícia comunitária, mas o coronel acredita que seu trabalho é diferente das bases paulistas, pois "eles entram praticamente para fazer o papel do Estado, que estava ausente", enquanto em São Paulo "o que está se buscando é otimizar a participação dos outros órgãos estatais".