18/05/07

“Caráter de diversidade próprio do bairro”

João Batista Jr.


André Klotzel terá seu filme apresentado no lançamento do projeto municipal às 21h da segunda-feira (21/05), no Cine Olido. Da França, onde está para apresentar o filme do qual é co-produtor “A Via Láctea” na Semana da Crítica do Festival de Cannes, Klotzel respondeu à entrevista por e-mail.

Como aconteceu de fazer o filme sobre o Bom Retiro?
Sou paulistano, mas nunca tive muito contato com o Bom Retiro. O interesse em fazer o documentário surgiu do trabalho da urbanista Sarah Feldman, que tinha uma bela pesquisa sobre o bairro. Foi ela que, sabendo da iniciativa da Prefeitura, me mostrou o trabalho e me entusiasmou com a idéia.

Como foi a construção do roteiro?
Para mostrar a história do bairro fui à busca de personagens atuais que pudessem fazer a conexão com o passado. Alunos de cinema da ECA-USP passaram a fazer uma pesquisa de campo e falar com muita gente. A idéia, de início, era termos quatro personagens, mas as pessoas que eles descobriram eram tão interessantes que eu descobri que ficar com elas somente seria empobrecer o caráter de diversidade próprio do bairro. A concepção, então, evoluiu e passamos a trabalhar com 13 personagens.

Como eles aparecem no filme?
Pensamos em fazer uma espécie de mini-biografia de 1 minuto de cada um construindo o filme como uma espécie de mosaico, ou caleidoscópio, que é próprio do bairro multicultural do Bom Retiro.

Existe uma necessidade dos bairros terem identidade cultural?
Acho que identidade cultural é decorrência, que se constrói das mais variadas maneiras à partir das vivências pessoais e coletivas. As possibilidades de convivência em uma grande cidade como São Paulo, em maior ou menor grau, talvez sejam o elemento que pode ou não cristalizar essa identidade. E conviver (como navegar), é preciso.