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Resultado ruim expõe falta de foco, diz pedagoga

Os alunos do ensino médio da escola pública têm baixo desempenho em provas como o Enem porque esse nível de ensino não tem nenhum foco, afirma a coordenadora do curso de pedagogia da Unicamp, Ângela Soligo.

FOLHA - Por que o ensino médio público não melhora?
ÂNGELA SOLIGO - Esse dado do Enem mostra que já deveria ter acendida a luz vermelha para os governos federal e estaduais. Na rede particular, ao menos os alunos são preparados para alguma coisa, que é o vestibular. Há um foco. Já o ensino médio público vai mal porque ele não sabe se prepara o aluno para o vestibular, para uma formação mais geral ou uma profissão. Dessa forma, não consegue ir bem em nenhuma das opções.

FOLHA - Como a sra. avalia, especificamente, o desempenho dos alunos da rede pública neste Enem?
SOLIGO - É muito preocupante, uma vez que a prova do Enem não é "conteudista", como em boa parte dos vestibulares. É um exame de reflexão, de interpretação. E nem assim os alunos vão bem. Ocorre que os estudantes percebem essa falta de foco e se desestimulam. E os professores também ficam sem saber para onde conduzi-los.

FOLHA - O que é necessário para reverter a situação?
SOLIGO - Mudanças estruturais. O aluno precisa ficar mais tempo na escola. Se de manhã ele tem as disciplinas convencionais, à tarde deve ter atividades como fotografia, xadrez. Tudo o que os alunos de rede particular têm. Essas atividades ajudam a desenvolver o raciocínio, a reflexão. Isso se refletirá em provas como o Enem. Além disso, é preciso melhorar as condições básicas das aulas, como o número de alunos por sala.

Folha de S. Paulo
Fábio Takahashi