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A
mobilização Fundeb pra Valer – “Direito à educação começa
no berço e é pra toda vida” - reuniu cerca de 500 mães, bebês
e crianças, representantes de diversos movimentos sociais,
organizações empresariais, sindicatos e ativistas do campo
educacional no Congresso Nacional. O ato começou por volta
das 11h desta quarta-feira, 31 de agosto, com uma carrinhata
de carrinho de bebês subindo a rampa do Congresso. Depois,
as falas dos participantes se intercalaram com chocalhaço,
fraldas pintadas e uma grande ciranda no hall principal da
Câmara.
O movimento quer que os parlamentares aperfeiçoem o texto
da Proposta de Emenda Constitucional - PEC 415 -, que institui
o Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação
Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação). A
proposta apresentada pelo Governo Federal ao Congresso em
junho tem várias e graves limitações à expansão e à melhoria
da qualidade da Educação Básica no Brasil.
A primeira delas é que a PEC exclui do Fundeb a Educação Infantil
de 0 a 3 anos de idade, deixando de fora os 13 milhões de
crianças brasileiras nessa faixa etária. Embora o direito
à creche seja garantido pela Constituição Federal, hoje 88,3%
das crianças brasileiras de 0 a 3 não freqüentam creches.
Estudos científicos já comprovaram que o atendimento adequado
nessa idade é fundamental à formação da inteligência e das
capacidades de aprendizagem que acompanharão a criança por
toda a vida, além das creches serem um direito das famílias,
sobretudo das mulheres, ao garantir uma maior autonomia, principalmente
para aquelas de baixa renda.
O ato reuniu representantes dos mais diversos atores sociais,
como a CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação),
a ABMP (Associação Brasileira de Magistrados e Promotores),
o Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), a
OMEP (Organização Mundial para a Educação Pré-Escolar) e a
Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação).
Deputados e deputadas de diferentes partidos também participaram,
representando as comissões Legislativa de Participação, de
Educação, de Direitos Humanos, de Seguridade e Previdência,
além da bancada feminina e da Frente Parlamentar pelos Direitos
da Criança e do Adolescente, entre outras.
Audiências com lideranças
Depois do ato, enquanto uma comissão representante do movimento
foi recebida pelo 2o secretário da Câmara, deputado Nilton
Capixada (PTB-RO), outro grupo se reuniu com o relator da
PEC na Comissão de Constituição e Justiça, deputado Vilmar
Rocha (PFL-GO). Ele se comprometeu a entregar o relatório
da PEC em no máximo duas semanas, com a recomendação de que
as creches sejam incluídas no Fundo, sob o risco de a proposta
ser considerada inconstitucional, já que, do jeito que está,
fere o conceito de Educação Básica, por não incluir a educação
para crianças de 0 a 3.
Já o deputado Nilton garantiu que assim que a PEC chegar à
mesa da Câmara e a Comissão Especial que apreciará o texto
for constituída, os representantes do movimento Fundeb pra
Valer serão chamados para discutir a proposta. Ele também
alertou para a necessidade de sensibilizar o Poder Executivo
para evitar que, ao final do processo junto ao Congresso,
o texto não sofra vetos presidenciais.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também
recebeu os representantes da mobilização. Presidente do Conanda
em 1998, o senador afirmou que o movimento pode contar com
seu apoio incondicional para a inclusão das creches no Fundeb.
Objetivo cumprido
A coordenadora geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação,
Denise Carreira, considera que a primeira atividade pública
do movimento Fundeb pra Valer foi bem-sucedida. “Conseguimos
cumprir o objetivo de afirmar essa mobilização como uma articulação
plural, mostrando que a sociedade civil está unida e organizada
para acompanhar a tramitação da PEC e para fazer propostas
de emendas”, comemora.
Fazem parte da iniciativa a Campanha Nacional pelo Direito
à Educação, a Fundação Abrinq, o Mieib (Movimento Interfórum
de Educação Infantil), o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade
Social, o Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança
e do Adolescente), entre muitas outras organizações.
Pressão virtual
O movimento Fundeb pra Valer lançou também uma campanha de
pressão virtual, em que os internautas podem enviar um cartão
ao colégio de líderes do Congresso, solicitando mudanças no
texto da PEC do Fundeb. No ar desde sexta-feira, a campanha
já teve mais de 20 mil cartões enviados: www.campanhaeducacao.org.br/fundebpravaler.
As informações
são da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.
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