cultura
01/10/2007

Museu grátis na França em 2008

Maximilien Calligaris

André Malraux não foi apenas um aventureiro e um escritor (autor da “Condição Humana). Ele foi também Ministro da Cultura da França durante dez anos, de 1959 a 1969.

Em primeiro de agosto 2007, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, citou Malraux ao definir a missão do Ministério da Cultura em seu governo: “tornar acessíveis as obras capitais da humanidade, garantir que nosso patrimônio cultural tenha a maior audiência possível”.

Nessa direção, a atual ministra da cultura, Christine Albanel, em cooperação com a Direção dos Museus da França, decidiu desenvolver um projeto experimental: de janeiro até o fim do primeiro semestre de 2008, nove museus franceses abrirão gratuitamente ao público suas coleções permanentes.

A lista dos museus escolhidos ainda não foi publicada, mas “Le Figaro” (importante jornal parisiense) anuncia que, em Paris, ela incluirá o museu Guimet (arte asiática), o museu Cluny (idade média) e o museu de arqueologia. Já no resto da França serão o museu da renascença no castelo de Écouen, o museu da porcelana em Limoges e o palácio Jacques-Coeur em Bourges.

A medida não incluirá museus como o Louvre, o d´Orsay em Paris ou o castelo de Versailles, que são os museus cujo público é constituído, sobretudo, por turistas (de 60% para cima).

Com essa nova medida, a ministra quer, declaradamente, encorajar os jovens, de 18 a 25 anos, a freqüentar os museus. Em geral, essa categoria de cidadãos encara a visita como uma obrigação herdada da época escolar.

Algumas observações:
1) essa “novidade” anunciada pelo governo francês não é uma grande novidade, mas uma tendência européia. Desde os anos 90, foi introduzida na Grã-Bretanha pelo governo de Tony Blair.

2) é difícil imaginar que o preço de entrada seja a verdadeira razão que afasta os jovens dos museus. Os estudantes já têm reduções sistemáticas e existem promoções: até para o Louvre (que não faz parte da lista) há uma carteirinha, por exemplo, que custa 15 Euros (42 reais) e dá o direito ilimitado de acesso durante um ano.

Além disso, no ano passado, a Documentação Francesa publicou uma pesquisa, de Anne Gombault e Christine Petr, “La Gratuité des Musées et des Monuments Côté Public” (A Gratuidade dos Museus e dos Monumentos do Lado do Público). A pesquisa constatou que “a gratuidade é secundária na construção e realização de um projeto de visita, ela está longe de ser a chave de entrada da freqüentação dos museus e dos monumentos. Essa chave está, antes de mais nada, na implicação dos indivíduos nessa atividade.” Ou seja, o que traria visitantes (e ainda mais jovens) para o museu não é a gratuidade da entrada, mas a eventual relação do museu e de suas exposições com a vida concreta das pessoas.

O projeto do ministério custará entre 150 e 200 milhões de euros. A própria difusão do projeto terá a vantagem de lembrar ao público a existência dos museus escolhidos. Certamente haverá um aumento de visitantes no começo. Resta saber se, a médio prazo, a medida responderá à missão de Malraux. Para levar o público e, sobretudo, os jovens a visitar museus, talvez a gratuidade seja pouco.

   
 
   
 

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