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ensino abandonado
03/01/2005
Cristovam propõe a federalização da educação básica

BRASÍLIA - O ex-ministro da Educação e senador Cristovam Buarque (PT-DF) quer federalizar a educação básica - hoje de responsabilidade das prefeituras - por meio de um projeto de lei que pretende submeter ao Congresso. "A educação básica é abandonada pelo governo federal. O presidente não tem nenhuma responsabilidade sobre as escolas dos municípios", diz Cristovam.

Enquanto esteve à frente do ministério, Cristovam ganhou fama pela quantidade de novas idéias lançadas. Escola ideal, certificação nacional de professores, piso nacional para docentes, livros na cesta básica, temas que ele chegou a transformar em projetos, mas não conseguiu colocar em prática.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação divide a responsabilidade sobre o sistema de educação com os três níveis de governo. Cabe aos municípios o ensino infantil e o ensino fundamental - da 1.ª a 8.ª série. Aos Estados, o ensino médio. E à União, as universidades.

Na prática, muitos Estados ainda possuem redes de ensino fundamental e também universidades. O governo federal faz a avaliação da qualidade, por meio de provas como o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e repassa recursos do Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef), mas não tem qualquer poder de interferência na administração da educação de Estados e municípios.

Em um país do tamanho do Brasil é difícil imaginar que o Ministério da Educação consiga controlar quase 200 mil escolas e quase 50 milhões de estudantes. No entanto, Cristovam acredita que o governo federal tem que assumir a responsabilidade pela qualidade dessas escolas, com recursos e com um padrão mínimo em todo o Brasil. "Escola tem que ser instrumento de integração nacional", afirma. "No Brasil ela é um instrumento de desintegração nacional porque ela é muito diferente de uma cidade para outra de acordo com vontade do prefeito e do dinheiro do prefeito. Isso é um absurdo e está desintegrando o país."

Padrão
Para garantir esse padrão nacional, Cristovam propõe três pisos, que seriam criados por lei. O primeiro deles é um piso salarial para o professor. Mas, ao contrário da sua proposta inicial, esse salário seria pago pela União depois de o professor passar por um concurso de certificação nacional. Com a garantia de que teria condições de ensinar, o professor passaria a receber o piso nacional. "O mínimo seria pago pela União. Se a prefeitura pudesse pagar mais, pagaria", explica.

O segundo piso seria para edificações e equipamentos. Hoje, não há um padrão mínimo nacional nem para a construção nem para o material que a escola precisa ter. Cristovam propõe que o MEC estabeleça esse padrão, repasse recursos quando necessário e faça a fiscalização de Estados e municípios. "Assim acabariam as escolas de lata, de taipa, sem banheiros, sem luz elétrica", afirma. "Hoje 30 mil escolas não têm luz e 20 mil não têm banheiro."

O terceiro piso seria o conteúdo, com metas que cada prefeitura teria que cumprir. Cristovam vai além: propõe uma lei de responsabilidade social. A União estabeleceria metas. Se o prefeito não cumprisse, poderia ficar inelegível. "Não há uma Lei de Responsabilidade Fiscal? O prefeito não fica inelegível se não pagar as contas?", questiona. "Por que não poderia ficar se não garante que a criança aprenda?".

O senador diz que pretende ver essas idéias transformadas em projetos de lei. Nem que seja para provocar discussões.

Desde que saiu do ministério, Cristovam tem forçado o debate naquilo que acusa o governo de não fazer: uma revolução na área social. "O governo não está fazendo os gestos transformadores que deveria".

LISANDRA PARAGUASSÚ
do jornal O Estado de S. Paulo

   
 
 
 

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