Próximo ao Dia Mundial do Meio Ambiente (dia 5 de Junho), a Editora Peirópolis lança uma retrospectiva das questões ambientais brasileiras de 1500 até hoje. Com o título "Brasil, amor à primeira vista! – Viagem Ambiental no Brasil do Século XVI ao XXI", a autora e advogada ambientalista Sandra Marcondes explora, nessa viagem pelos mais e quinhentos anos de uso da terra, do solo e dos demais recursos naturais pelos europeus e seus descendentes, toda a história da colonização depredatória do Brasil e suas heranças culturais e econômicas: "Trata-se de um levantamento histórico de questões ambientais desde quando Cabral olhou para o Brasil pela primeira vez, sobre a primeira árvore derrubada, sobre pessoas que defenderam o meio ambiente brasileiro etc", entusiasma-se Sandra. Ela lembra ainda que as associações em defesa do meio ambiente começaram a surgir no início do século XX.

Que impacto tiveram as culturas agrícolas tradicionais dos séculos XVI ao XVIII, como a extração do pau-brasil, a cana-de-açúcar, a mineração, a borracha e a pecuária extensiva na conformação atual de nosso meio ambiente e nos problemas que hoje enfrentamos? E o café no século XIX? Que contribuições à formação cultural do brasileiro e de sua relação com a natureza trouxeram os colonizadores e os viajantes ingleses, alemães, dinamarqueses, franceses, holandeses e tantos outros? Estas e outras perguntas são respondidas pela advogada ambientalista, no livro que levou quase três anos para ser escrito que contou com uma criteriosa pesquisa que começou em 1999.

Mostrando semelhanças, por exemplo, entre artigos de leis do Século XVI e a Lei de Crimes Ambientais de 1998, identificando fatos que aconteciam no início da colonização e ainda persistem no Século XXI e demonstrando inúmeros acontecimentos ambientais mundiais paralelos aos fatos brasileiros, o texto percorre os inúmeros ciclos econômicos, identifica ambientalistas, leis, instituições e medidas de cunho ambiental desde o Brasil Colonial. "É interessante como já no Brasil colônia, existia a preocupação com as questões ambientais, já que a legislação ambiental portuguesa vigorava aqui também", explica a advogada ambientalista.

Organizado por décadas, o livro, que tem prefácio do ambientalista Fábio Feldman, traz ainda os principais registros da história das leis ambientais brasileiras e, mais do que isso, a descrição de como evoluíram muitos dos conceitos que hoje vigoram na área ambiental. O texto é também recheado de curiosidades sobre importantes e destacadas personalidades da história do Brasil, de Joaquim Nabuco a Chico Mendes e Tom Jobim, passando por Carlos Chagas, Marechal Rondon, Monteiro Lobato, Euclides da Cunha e muitos outros. "No século XVI já havia um artigo que falava de proibição de caça de alguns animais; no começo do século XX, havia preocupação com desmatamento... enfim, a conscientização existe há tempos", adianta a advogada que conta estas e outras curiosidades no livro.

Para a advogada, aliás, a conscientização de cada indivíduo e a educação ambiental são pontos fundamentais para a preservação do meio ambiente: "sei que é um trabalho de formiga, mas cada um deve ter consciência do seu papel para a questão da preservação e isso só acontece com a educação ambiental", alerta. E completa: "Não precisa ser ambientalista para exercer uma cidadania ambiental. Mas é claro que ONGs são fundamentais nesse processo, já que se trata de iniciativa da sociedade civil e, hoje, é ingenuidade achar que só o governo vai resolver nossos problemas, é preciso existir uma atuação em conjunto", alerta Sandra.

Sandra Marcondes é diretora jurídica da Marcondes Advogados Associados e foi colaboradora do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas. Responsabilizou-se por parte do conteúdo do site da entidade, para oferecer aos interessados informações sobre este tema complexo. Trabalha com direito ambiental desde 1999, quando se interessou por estas questões numa viagem em que passou por Cubatão/SP.

O lançamento do livro acontece no dia 02 de junho, a partir das 19h, na Fnac Paulista (Av. Paulista, 901) em São Paulo.

LISANDRA MAIOLI
do site setor3