EDUCAÇÃO
03/07/2007

Presidente do Instituto Butantan aponta que alunos não são desafiados

João Batista Jr.




Dados da recente pesquisa divulgada pelo Ministério da Educação comprovam uma percepção já antiga: a educação do país vai mal. Os dados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) apontam que Brasil ainda precisa de duas décadas para atingir índices educacionais semelhantes aos dos países de primeiro mundo.

Para debater o tema, um cientista que dedica sua vida à pesquisa e à inovação, Isaias Raw – diretor do Instituto Butantan. Já na época da faculdade, organizou a criação de uma revista chamada Cultos, criada com o propósito de estimular o ensino das ciências.

“Não adianta estudar ciências na planilha do computador. É preciso viver a ciência em laboratório. O aluno deve fazer alguma coisa, criar, experimentar”. Pensando nisso, Raw ingressou no departamento de Bioquímica da Universidade de São Paulo. “Eu estava interessado na formação de pesquisadores para o país. Não adiantava começar isso tarde, o desafio era dar a escola secundária condições de os alunos realizarem experimentos”.

Para Raw, grande parte do material didático é defasado por não propor desafios aos alunos. “O aluno estuda já sabendo o resultado”. A inquietação para que os métodos de ensinos fossem mais eficientes fez com que o médico participasse da criação da Fundação Carlos Chagas. “Para mim, vestibular de múltipla escolha não inibe nada. A pessoa não sabe nada e, mesmo assim, tem 20% de chances de acerto. Isso não permite uma análise muito cuidadosa das perguntas nem das respostas”.

Pesquisa
Além de o país sofrer com um ensino que não estimula o processo de pesquisa e inovação no campo das ciências, o mercado interno não se mostra capaz de absorver os pesquisadores que saem todos os anos da universidade. “Qualquer economista diz que o Brasil só vai para frente se tiver mais educação, mas educação não significa coisa nenhuma. O Brasil não tem emprego para os doutores”.

”A pergunta que se tem de fazer é que tipo de educação vai ser dada no país. Se você forma uma pessoa que não está habilitada a nada que não seja ser caixa de supermercado, não interessa o diploma que ele tenha”.

Raw acredita que apenas uma mudança radical no sistema de educação seria capaz de alterar o quadro atual. “A discusão sobre o tema só vai se inovar quando se jogar os livros no lixo. É preciso repensar o conteúdo dos livros, que hoje são passivos. É necessário que haja experimentação. O exame tem de ser um desafio anual com índices sobre o que o aluno aprendeu, e não o que vemos hoje”.

Além da USP e do Instituto Butantan, Raw trabalhou por um ano em Israel e cinco no Massachusetts Institute of Technology, importante universidade americana.

Saiba a nova novidade do Instituto Butantan

   
 
   
 

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