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educação
03/11/2004
Evasão de alunos preocupa universidade pública

Dos 42.229 estudantes que entraram nas universidades públicas de São Paulo no ano passado, 11.824 não vão se formar. Como cada um deles custa cerca de R$ 25 mil ao ano, o prejuízo fica em, pelo menos, R$ 295,6 milhões.

Na maior universidade pública da América Latina, a USP, quase um quarto dos alunos que entram na graduação não acaba seu curso. Eles abandonam a faculdade porque descobrem que fizeram a escolha errada, porque precisam trabalhar ou até porque não conseguiram fazer amigos.

A taxa de evasão, de 22%, é alta e assusta. Mas está sendo comemorada pela USP. Em 1995, ela era de 32%. Apenas três anos depois caiu 10%.

Os dados do Acompanhamento da Trajetória Escolar dos Alunos da USP - Ingressantes de 95 a 98, primeiro levantamento feito pela universidade para medir sua evasão total, indicam que o índice de abandono não é muito diferente da taxa geral no Estado.

Mais de 50%
Para o secretário do Ensino Superior do Ministério da Educação, Nélson Maculan Filho, o índice de evasão nas universidades públicas brasileiras é normal se comparado com os padrões europeus. "Mas temos alguns cursos com desistência de mais de 50%, o que é muito ruim para as faculdades."

O MEC não tem dados conclusivos sobre o assunto, mas, utilizando os números do Censo da Educação Superior divulgados na semana passada, é possível chegar a uma estimativa.

O dono da Lobo & Associados - Consultoria em Educação e ex-reitor da USP, Roberto Leal Lobo, fez as contas. Se pegarmos o número de alunos que ingressaram no ensino superior público de São Paulo em 2000 e compararmos com o de estudantes que se formaram em 2003 (já que a grande maioria dos cursos de graduação dura quatro anos), a evasão fica em 28%.

"Os critérios para se medir esse abandono não são muito definidos", afirma. "Mas dá para perceber que o prejuízo é grande."

Perdas
Nem as universidades nem os governos sabem exatamente quanto perdem de dinheiro por causa da evasão. Em 1998, um estudo do Núcleo de Pesquisa sobre Ensino Superior da USP mostrou que um estudante de universidade pública no Brasil custava US$ 8,5 mil por ano (cerca de R$ 25 mil).

Como a maioria dos alunos desiste do curso no primeiro ano - e sua vaga não é preenchida até o ano seguinte -, o desperdício é de R$ 295,6 milhões. Esse valor aumenta se o universitário desiste nos anos seguintes.

"O prejuízo para o governo é muito grande. Cansei de formar turmas na Unicamp com dez alunos porque a universidade pública não aproveita bem as vagas ociosas", conta o ex-reitor da universidade e ex-ministro da Educação Paulo Renato Souza.

Transferências
"Os exames para transferência são muito mais exigentes do que as provas internas e, assim, ninguém entra. Com a vaga parada, o custo do aluno que continua o curso aumenta, já que os gastos com professores e laboratórios não diminuem."

A Unicamp tem hoje um índice mais baixo de desistência do que as demais instituições públicas: 5,04%. Graças, segundo o assessor da pró-reitoria de graduação, Sigisfredo Brenelli, ao seu vestibular e às suas bolsas.

"Nosso vestibular, por ser mais reflexivo, seleciona alunos mais conscientes quanto à escolha profissional", afirma.

"E outro fato importante é que somos a universidade que mais oferece bolsas e ajuda alunos carentes, possibilitando a permanência dos que, por problemas econômicos, desistiriam do curso superior."

 

As informações são da Agência Estado.

   
 
 
 

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