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educação
04/11/2004
Voluntários e mal informados, eles querem fazer o novo Provão

Quase mil alunos resolveram participar voluntariamente do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), muitos deles acreditando que suas boas notas ajudariam a faculdade ou universidade onde estudam. A prova - que substitui o Provão - não obriga a participação de todos os formandos pela primeira vez em nove anos. Foram selecionados 156 mil alunos por amostragem e aberta a possibilidade para voluntários também realizarem o exame, sem que suas notas fossem consideradas. Estudantes ouvidos pelo Estado, no entanto, dizem que faculdades e universidades os convocaram para o exame do Ministério da Educação (MEC).
"Achei que ia subir a nota da faculdade", diz Rodrigo Vieira, de 22 anos, que se forma este ano em Veterinária e aceitou fazer a prova. Ele foi informado pela reportagem de que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep/MEC) não computaria sua nota na média do curso. "Desisti de participar de uma seleção da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no mesmo dia só para fazer Enade", lamentou.

Segundo ele, coordenadores da UPIS Faculdades Integradas, de Brasília, pediram que ele e outros dois colegas participassem do exame. A Assessoria de Imprensa da instituição diz que alguns se voluntariaram, mas que havia clareza de que as notas não seriam consideradas.

"Não temos certeza se o desempenho deles vai pesar na nota da faculdade ou não", diz a secretária-executiva da Faculdade de Medicina do ABC, Nidia Caivano, sobre os voluntários. Aluno da instituição, Alexandre Den Julio, de 24 anos, foi um dos que optaram voluntariamente por fazer a prova no domingo. "Estou me preparando para vários exames de residência médica e assim posso testar meus conhecimentos", justifica. Apesar de dizer que esse não era seu principal motivo para participar, ele acreditava também estar ajudando a faculdade.

Diferença
O Enade faz parte do novo método foi criado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva e integra também o novo Sistema Nacional da Avaliação da Educação Superior (Sinaes). A prova de domingo vai testar o conhecimento de estudantes, enquanto as outras duas etapas do Sinaes - auto-avaliação e avaliação externa - examinarão a estrutura, o corpo docente e outros elementos do cursos.

Uma das diferenças com relação ao antigo Provão é que o Enade terá - além dos formandos - a participação de estudantes no início do curso, para medir quanto cada curso agrega ao aluno. Apenas estudantes da área de saúde farão o primeiro Enade. Os cursos avaliados serão: Agronomia, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia, Serviço Social, Terapia Ocupacional e Zootecnia.

Segundo o coordenador do Enade, Amir Limana, as instituições foram devidamente informadas de que a nota dos voluntários não seria considerada. Esses alunos, porém, conhecerão seu próprio desempenho na prova e concorrerão, assim como os outros, a bolsas de mestrado dadas aos melhores colocados. Limana diz que a amostragem - feita aleatoriamente - contemplou 60% do universo e que 918 alunos se inscreveram sem terem sido chamados. "Se os voluntários fossem considerados perderia todo o sentido da amostra."

Contribuição
Apenas um dos outros cinco voluntários ouvidos pelo Estado disse saber que sua nota não seria considerada. Um dos que desconheciam o fato cursa a Universidade Federal do Paraná, ligada diretamente ao MEC.

Aritana Alves de Paula, de 19 anos, está no primeiro ano de Fisioterapia e disse que faria a prova porque "é um dever do estudante contribuir para que sua universidade seja bem-vista". Ela estuda na Universidade de Rio Verde, em Goiás, e seu pró-reitor de graduação, César Romero, diz que a moça não foi influenciada a participar do Enade. "É uma ótima aluna, mas ninguém disse a ela que sua nota contaria."


RENATA CAFARDO
de O Estado de S.Paulo

   
 
 
 

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