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trabalho
05/08/2004
Desemprego afeta mais escolaridade média

De 1992 a 2002, o desemprego cresceu mais entre brasileiros com escolaridade média. É o que mostram tabulações feitas pelo Iets (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade) a partir da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE. O aumento na taxa foi verificado em todas as faixas de escolaridade, mas os brasileiros que possuem o ensino médio incompleto ou completo foram os que mais sofreram.

Nesse período, a taxa de desemprego entre a população de 15 anos ou mais subiu de 6,6% para 9,2%, um aumento de 2,6 pontos. Entre os que não completaram o ensino médio (mas que têm ensino fundamental completo), o aumento na taxa foi de seis pontos percentuais, de 11,6% para 17,6%.

Brasileiros com ensino médio completo também tiveram aumento acima da média: 3,5 pontos, de 7,4% para 10,9%.

Nos dois extremos da escolaridade, a taxa de desemprego é menor e o crescimento no período foi menos acentuado. A taxa de desemprego em 2002 entre os que não completaram nem o ensino fundamental é de 7,8%, um aumento de 1,7 ponto percentual em comparação com 1992.

No outro extremo, o de pessoas que ao menos ingressaram no ensino superior, a taxa é a menor de todas: 5,4%, o que também representa aumento de 1,7 ponto.

Quem estuda espera mais
Para André Urani, diretor-executivo do Iets, isso não significa que quem estudou mais esteja em pior situação no mercado.

"A pessoa que estudou mais e investiu seu tempo em formação tem mais condições de esperar mais tempo para conseguir um emprego compatível com a sua formação. O trabalhador de baixa escolaridade sabe que tem menos chances no mercado de trabalho e aceita qualquer coisa para sobreviver", explica Urani.

Os dados mostram ainda que os desempregados têm um perfil de escolaridade melhor do que os empregados. A taxa de analfabetismo entre desempregados é de 4,9%, enquanto entre os empregados é de 10,1%. A média de anos de estudo entre quem não tem emprego é de 7,6 anos, enquanto entre os ocupados é de 6,9 anos.
Os dados do Iets evidenciam também a dificuldade de achar emprego quando não se tem experiência. A taxa é de 18,3% entre jovens de 15 a 24 anos, ante 6,9% entre os que têm de 25 a 49 anos de idade.

Maior entre os jovens
Desde 1992, a taxa entre os mais jovens é maior do que entre os que têm de 25 a 49 anos, mas essa distância ficou ainda maior. Se, em 1992, o desemprego entre os jovens era 7,4 pontos percentuais maior do que entre os mais velhos, em 2002 essa diferença chegou a 11,4 pontos.

Para Urani, o desemprego subiu mais entre os jovens também porque houve queda, em números absolutos, dos brasileiros nessa faixa etária que procuram emprego. Ele explica que a taxa de desemprego é calculada a partir da população que diz estar procurando emprego, ou seja, um jovem que só estuda e não procurou emprego não é considerado desempregado.

"Como os jovens estão retardando a entrada no mercado de trabalho para estudar, o número de desempregados nessa faixa etária pode não ter crescido tanto e isso não significa que eles sejam os mais prejudicados", afirma.

Mulheres e negros e pardos também tiveram mais dificuldade para achar emprego em 2002 do que em 1992. A taxa de desemprego entre mulheres é de 11,7% -subiu 3,5 pontos percentuais. A de homens é de 7,4%, tendo subido 1,8 ponto.
Entre negros e pardos, a taxa de desemprego é de 10,4% (aumento de 3,1 pontos), enquanto entre brancos ela fica em 8,2% (aumento de 2,2 pontos).



ANTÔNIO GOIS
da Folha de S.Paulo

   
 
 
 

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