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educação
06/08/2004
Falta de recursos afeta funcionamento de universidades

A falta de investimentos nas universidades criou no ensino superior um quadro de precariedade que atinge dos laboratórios às salas de aula, deixa prédios sem manutenção e instituições carentes até de livros didáticos.

Os estudantes das universidades federais brasileiras vivem uma contradição. Responsáveis por 90% da pesquisa realizada no Brasil, as federais sofrem com a falta de laboratórios e de professores efetivos. Como parte dos problemas, os servidores têm realizado greve há mais de 40 dias, e os professores continuam a aprovar indicativos de greve.

Este é o caso, por exemplo, da UFBa (Universidade Federal da Bahia), que está com as contas de água, energia e telefone atrasadas, laboratórios defasados tecnologicamente, salas com infiltração e banheiros entupidos.

"Fechamos o ano passado com um déficit de R$ 10 milhões. Acho que vamos chegar em dezembro com o mesmo valor", disse o vice-reitor da instituição, Francisco Mesquita.

Segundo ele, a crise financeira se reflete no aprendizado. "É evidente que existe o prejuízo acadêmico. Mesmo com todos os esforços dos professores e diretores, a UFBa não tem dinheiro para nada."

Diretor da UNE (União Nacional dos Estudantes) e aluno de ciências sociais da UFBa, Rogério Silva, 24, disse que a universidade baiana apresenta até "fiações elétricas expostas dentro das unidades", além de banheiros que são "uma vergonha".

Na UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), no interior de São Paulo, os 7.200 estudantes lidam com computadores obsoletos, déficit de docentes e servidores, falta de livros didáticos na biblioteca e investimentos escassos em moradias no campus.

A UFSCar enfrenta uma greve de funcionários há 39 dias. Segundo o reitor Oswaldo Baptista Duarte Filho, 54, hoje há um desfalque de 90 docentes e de 250 funcionários. Os cargos estão vagos. As aulas são assumidas de forma provisória por professores substitutos contratados por no máximo dois anos. Já no caso dos funcionários, aqueles que continuam trabalhando acumulam funções para atender à demanda.

Gargalo
"Hoje há menos funcionários e docentes do que em 1991, sendo que de lá para cá a universidade teria praticamente dobrado o seu número de vagas. A parte de pessoal é, sem dúvida, o gargalo da instituição", afirma ele.
O parque de informática -com cerca de 3.000 computadores- não recebe investimentos do governo federal há sete anos.
Na biblioteca, faltam livros didáticos. Nos 200 prédios da universidade, sobram vazamentos nos banheiros e paredes com pintura desgastada.

A UFC (Universidade Federal do Ceará) lida todo mês com a falta de R$ 400 mil para manutenção. As dívidas da universidade chegam a cerca de R$ 7 milhões, e entre os credores estão companhias de água, luz, telefone e empresas terceirizadas para manutenção e segurança.

Apesar das dívidas, o pró-reitor de Planejamento da UFC, Ciro Nogueira, comemora a perspectiva de mais verbas no próximo ano. Está projetado, no orçamento de 2005, um aumento nas remessas previstas para custeio das federais: de R$ 470 milhões para cerca de R$ 800 milhões.

Para piorar o problema, os professores da UFC anunciaram ontem indicativo de greve, e a paralisação das aulas pode acontecer a qualquer momento.

Vazamentos na reitoria e ameaça de desabamento do telhado do colégio de aplicação, onde estudam cerca de 500 alunos, estão entre os motivos que levaram ontem a Brasília o reitor José Fernandes de Lima, da Universidade Federal de Sergipe, para pedir mais recursos.

Segundo ele, seriam necessários R$ 100 mil para os consertos.

"Ao longo dos anos a verba vem diminuindo, gerando dificuldades. Com isso, as universidades vão deixando de consertar paredes, telhados, não fazem expansão. Quando menos esperamos, estamos com uma série de deficiências", disse Lima.
O reitor lembra ainda que os gastos com tarifa pública, como água, luz e telefone, vêm tendo um peso cada vez maior nos custos das instituições federais.

A UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) é um exemplo disso. A reitora Ana Lúcia Gazzola, que também é presidente da Andifes, disse, em várias ocasiões, que não pode ampliar as vagas em cursos noturnos porque o custo da energia elétrica é maior à noite.

As federais do Rio de Janeiro e de Pernambuco estão entre as instituições que dizem precisar melhorar os laboratórios. Às vezes há falta de material, além de equipamentos antigos ou com defeito, segundo a Andifes.

As informações são da Folha de S.Paulo.

   
 
 
 

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