imigrantes
06/09/2007

Africanos enfrentam dificuldades para estudar no Brasil

Erika Vieira

Estudantes africanos que chegam para estudar no Brasil encontram dificuldades para se manter financeiramente. É o que contam universitários da USP, provenientes de território africano, como São Tomé e Príncipe, ilhas que, juntas, contam com cerca de 160 mil habitantes.

Por não terem ensino superior em seu país de origem, os jovens saem em busca de estudo em outros territórios, como Portugal, Cuba e Brasil. São selecionados de acordo com seus perfis e ingressam no curso escolhido ou, muitas vezes, no qual há mais vagas disponíveis.

Segundo os próprios estudantes, um acordo é firmado entre eles e o governo de seus países para que uma bolsa mensal de U$500 seja dada para cada aluno, a fim de garantir que não trabalhem no Brasil. O trato é que o governo pague metade e a família financie o restante. Porém, queixam-se de que as autoridades africanas tornam-se omissas e de que o único elo que os mantém é uma carta de responsabilidade que cada estudante traz consigo quando parte rumo à conquista do diploma universitário. Na carta não consta oficialmente que a bolsa deva ser honrada, o acordo seria na base da confiança. Em alguns casos, o Itamaraty acaba dando uma bolsa de refugiados, mas por um período de apenas seis meses.

Sem dinheiro e não podendo trabalhar oficialmente por serem estrangeiros com visto temporário, começa a se desmanchar o sonho de viver no Brasil. “Para nós o Brasil é o que passa na novela das oito: Copacabana e mulheres bonitas. Mas aqui nossa realidade está sendo bem diferente”, fala Ketty –Keila Neto da Silva Borges, africana que cursa psicologia na USP.

Moradia dentro da universidade existe, mas em número insuficiente para atender a todos. Como é o caso do CRUSP (Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo), que reserva cerca de 15% das vagas para estrangeiros que estudam na graduação, e outros 20% para os da pós-graduação. Porcentagem que não é o suficiente, pois alunas como Ketty acabam ficando sem ter onde morar. “Estou de favor na casa de amigos, porque o dinheiro que recebo dos meus pais não dá para pagar aluguel.”

Já Ailton Gi Jeneni Azevedo de Almeida, nascido em São Tomé e graduando de psicologia da USP, conseguiu alojamento no CRUSP, mas mesmo assim não tem uma vida fácil. “Vim para o Brasil para crescer como pessoa, mas o problema é que não consigo emprego.” Ele conta que o salário mínimo em São Tomé é de U$50 e com U$100, quantia que seus pais depositam para ele, dá para passar o mês. Agora no Brasil os gastos são maiores e, por isso, faz falta a ajuda financeira que o governo se comprometeu a dar. “Tento bolsa monitoria, mas tenho que concorrer como todos os outros alunos. Dentro da universidade é difícil trabalhar e fora também não dá pelo visto não permitir.”

Diante dessa situação, os estudantes nutrem apenas um desejo: “Quero muito acabar o curso e ir embora, não dá para continuar a ficar aqui”, desabafa Ketty.

   
 
   
 

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