cultura
07/01/09

Jovens levam música instrumental para escolas públicas e comunidade

Toda segunda-feira, os 40 músicos da Orquestra Experimental Pró-Morato (OEXP) reúnem-se para ensaiar o repertório que será apresentado nos projetos “Concerto na Escola” e “Concerto no Bairro”. Formada por jovens da comunidade, o projeto busca formar público para música instrumental erudita e popular no município de Francisco Morato (SP).

“Com o nosso projeto, mostramos como é possível oferecer atividades culturais à população com poucos recursos. É uma iniciativa importante para uma região sem grandes investimentos nesta área”, comenta o maestro da OEXP, Adriano Aragão.

A orquestra surgiu de um sonho do maestro. Aragão era professor voluntário de música na Associação Cultural Comunitária Pró-Morato. Nas aulas, identificou talentos e, em 2003, com o apoio da ONG, fundou a OEXP.

“Abraçamos a proposta. Era mais uma possibilidade de desenvolvermos projetos artísticos locais e aprimorar a formação musical de jovens de baixa renda de nosso município”, explica a presidente da Pró-Morato, Valéria Ortiz Jimenez.

De acordo com o maestro, participar de uma orquestra proporciona ao músico crescimento técnico e de interpretação, além de ampliação do repertório e a oportunidade de execução em diversas formações musicais, como banda sinfônica ou só acompanhamento de solistas.

“É um aprendizado que não pára nunca”, afirma a violinista Delma Costa Santana, 18 anos, há quatro anos na OEXP. A jovem aprendeu tocar violino na igreja. Entrou na orquestra após assistir a um dos concertos em uma feira de artesanato da cidade. Outros jovens começaram na orquestra por esse caminho.

“Com os concertos, levamos música à população e divulgamos nosso trabalho. Sempre somos bem recebidos nos bairros. Há moradores que cedem suas casas para lancharmos ou para guardamos os instrumentos”, lembra Delma.

Nas escolas, a recepção dos alunos é positiva. Para agradar a todos, o maestro escolhe um repertório mesclado que vai de Beethoven a Ary Barroso. Nas últimas apresentações, o grupo privilegiou a Bossa Nova. Valéria Jimenez calcula que mais de cinco mil pessoas assistiram às execuções da OEXP neste ano.

Em 2007, a Orquestra Experimental se apresentou para mais de 850 pessoas no Teatro Polytheama, em Jundiaí (SP), onde foi gravado um DVD. “Foi uma experiência enriquecedora e surpreendente para nossos jovens”, descreve Valéria.

Dificuldades
Como a orquestra é um projeto voluntário, os músicos não recebem auxílio financeiro e precisam deixar a atividade para gerar renda em casa. A maioria tem entre 16 e 24 anos. “É difícil conciliar o horário da orquestra, do trabalho e dos estudos. Por isso, temos uma grande rotatividade. Da formação inicial, apenas 12 continuam”, comenta Valéria.

A entidade só tem recursos para pagar o transporte e o lanche aos jovens. Para a locomoção até o local dos concertos, a orquestra conta com o apoio financeiro de uma pequena empresa privada de Francisco Morato.

“Além de talentosos, os participantes da orquestra são bastante esforçados. Enfrentam vários obstáculos para estar aqui. Moram longe e muitos não têm apoio da família”, fala Valéria.

Segundo a presidente da Pró-Morato, o ideal seria poder investir mais na formação dos músicos da orquestra, oferecendo bolsas de estudo, e também conseguir estender o ensino musical a outros membros da comunidade.


Talita Mochiute
Portal Aprendiz

   
 
   
 

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