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10/08/2005
Projeto Incubadora aproxima USP da população de baixa renda

Erika Vieira

Fazer com que o conhecimento quebre as barreiras da universidade e adentre as necessidades do mundo real da população brasileira, é com esse objetivo que a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Universidade de São Paulo (ITCP/USP) vêm atuando na zona sul da cidade.

A ITCP é um projeto desenvolvido dentro da universidade, composto por professores, estudantes de graduação, pós-graduação e graduados de diversos cursos que auxiliam grupos comunitários (ONGs, cooperativas, etc) a trabalharem com economia solidária até conquistarem a autogestão.

”O objetivo é formar estudantes com outra visão de atuação profissional e gerar conhecimento de apoio às cooperativas. É tentar levar o conhecimento da universidade para a população de baixa renda”, define a coordenadora Regiane Nigro. Ela fala que os alunos da Faculdade de Economia e Administração, por exemplo, aprendem conceitos para ser aplicado em grandes empresas, o que muitas vezes não se adequa a instituições populares. “A universidade está voltada para tecnologia de ponta. É um desafio trabalhar com isso”, diz.

Atualmente o projeto concentra suas atividades nas regiões do Capão Redondo, Jardim Ângela e Campo Limpo, localidade em que atuou inicialmente apoiando a prefeitura no Programa Oportunidade Solidária de 2001 a 2004. A partir daí partiram para uma consolidação de Rede Solidária Local, ou seja, implantar a iniciativa de autogestão em comunidades que fazem fronteiras com essa área para que haja um desenvolvimento local mais consolidado. Hoje faz a incubação de dois grupos de agricultura urbana, um grupo de produção de sabão ecológico, um de costureiras, um de artesanato e um de alimentação.

Além da zona sul, atuam também dentro da cidade universitária e nas mediações da USP com as comunidades São Remo e do Rio Pequeno. Assessoram a “Cooperativa do Sabor”, restaurante do Centro de Convivência do DCE (Diretório Central dos Estudantes); a “Cooperbrilha”, cooperativa multiprofissional; a “Cooper-Remo”, padaria; e a “Monte Sinais”, lanchonete da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU-USP).

As cooperativas recebem atendimento completo por parte da Incubadora, não há prazos para que as atividades sejam interrompidas, isso ajuda na consolidação de uma administração mais sólida. Um exemplo de que esse método traz resultado é o acompanhamento feito com a “Cooperbrilha” dentro da USP. “Eles já tem condições de se gerenciarem e serem autônomos, de tocar o plano de negócios. A Incubadora pretende a partir daí continuar o contato na condição de iguais e não como superiores”, afirma a coordenadora Regiane. Ela diz que trabalhar na incubadora é gratificante por poder ver que pessoas que tinham baixa auto-estima hoje conseguem gerenciar seu próprio negócio.

Desde 1998 a Incubadora está implantada na USP, esse projeto surgiu a partir do movimento nacional de formação de Incubadoras Universitárias de Cooperativas Populares. Em 2001 a PUC (Pontifícia Universidade Católica) e FGV (Fundação Getúlio Vargas) também montaram incubadoras com o auxilio da USP. A ITCP trabalha em parceria com o poder público, mas também estão abertos ao financiamento privado.

 

Cooperativas e Incubadoras no Brasil
O Programa Nacional de Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (Proninc) foi implantado no Brasil em 1997, com o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Fundação Banco do Brasil, Banco do Brasil e a Coppe. As incubadoras funcionam dentro de universidade e mobilizam pessoas para a formação de cooperativas junto à população de baixa renda.

O Pronic desenvolve atividades com cerca de 350 cooperativas brasileiras. Assessoram as já existentes e articulam novos projetos. Esse trabalho é feito em 33 universidades brasileiras, a maioria se concentra nas públicas, mas também há em instituições particulares.

As incubadoras são compostas por especialistas de diversas áreas (administração, economia, direito, ciências sociais, geografia, psicologia, entre outras), principalmente por estudantes que tem a oportunidade de entrar em contato com a realidade profissional e criar novas técnicas de trabalho.

O objetivo é expandir o campo de trabalho nas regiões carentes. Auxiliar na formação de cooperativas economicamente viáveis, adequando a proposta de cooperativa para cada grupo específico. Para isso, buscam potencial dentro da própria comunidade para transformá-la.

No ano passado esse projeto foi selecionado para receber recursos do programa InfoDev ( Information for Development), realizado pelo Banco Mundial (Bird). A Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares também foi eleita em 2000, pelo Bird e a Fundação Getúlio Vargas, como uma das experiências nacionais que mais contribui para a diminuição da pobreza.


Conheça algumas Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares atuantes no Brasil:

Unioeste (Paraná)
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Unicamp
Universidade Federal do Acre
Universidade Federal do Pará
Universidade de São Paulo (USP)
Seleção Pública de Proposta para Apoio a Projetos de Reaplicação de Tecnologia de Incubação de Empreendimentos Solidários

   
 
 
 
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