11/06/2010

Estado desenvolde programa inédito de organização das informações sobre Amazônia

Ana Claudia Melo

O Instituto de Pesquisas Avançadas da USP (IEA) está desenvolvendo um programa chamado “Amazônia em transformação: história e perspectivas”, coordenado por Maritta Koch-Wesser e João Pedro de Oliveira Costa, que deverá ser estendido para outras instituições nacionais e internacionais.

O programa visa criar um banco de dados para atender demandas que discutam a redução do aquecimento global, o desenvolvimento urbano, de recursos hídricos e do mercado verde, que tem como desafio manter a floresta em pé gerando lucro não só com os já conhecidos cosméticos, mas numa escala maior, capaz de concorrer com os mercados da soja e pecuária.

A base do projeto é o passado recente da Amazônia, isto é, de 1960 a 2010. Segundo Maritta, grandes transformações tecnológicas, pesquisas avançadas na conservação da natureza e o avanço no planejamento político, que possibilitou a criação de um ministério do meio-ambiente e legislação de proteção da floresta, garantem hoje, somados às reservas naturais e indígenas, uma área de preservação de 20% do território da Amazônia.

Maritta ressalta que a observação sobre os últimos 50 anos na Amazônia é de suma importância para que os três grandes objetivos do projeto, salvar a memória dos processos de transformação, viabilizar um futuro enraizado na aprendizagem sistemática e a difusão da informação da Amazônia, sejam alcançados.

O IEA já dispõe de recursos financeiros para o mapeamento de acervo multimídia que deverá entrar em uma plataforma interativa na internet. Já os arquivos físicos geralmente necessitam de cuidado em seu manuseio e correm o risco de se perder com o passar do tempo. Alguns acervos pessoais, de Adrian Cowell, Aziz Ab’Saber, Betty Mindlin, Mauro leonel, Mary Allegretti, Paulo Nogueira Neto, Russel Mittermeier, Don Sawyer e Bertha Becker foram colocados à disposição do IEA para serem catalogados e disponibilizados para acesso público.

Além do conhecimento estático, haverá espaço no site para que a população contribua com dados empíricos. Algum processo, por exemplo, que funcione melhor em determinada região e que o agricultor queira compartilhar. A interação com o internauta, com o morador da região e com interessados no assunto dará às informações registradas no site uma transparência que, segundo Maritta, é fundamental para que o valor das notícias seja público.

A estruturação do projeto conta, atualmente, com parceiros como Goeldi, Embrapa, INPA, INPE, algumas ong’s e universidades que além de contribuir com acervo, apoiam a realização de entrevistas com figuras de destaque na história Amazônica, para que se possa registrar o pensamento de cada época sobre a região e suas diretrizes.

O próximo passo rumo à inauguração do programa será dia 30 de agosto no Auditório da FEA-USP, com palestra sobre o manejo dos recursos hídricos na Amazônia.