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Violência
15/12/2006
Brasil é pior que Iraque, acredita professor

Julia Dietrich
especial para o GD


"Vivemos numa situação de genocídio de jovens; os números apontam para o caos. Vivemos numa situação pior que a do Iraque. Lá a carnificina faz sentido, pois é uma briga por território, poder e petróleo. Aqui, vivemos uma violência automatizada que criminaliza erroneamente um segmento da sociedade, mas é impossível encontrar argumentos racionais que justifiquem essa barbaridade." A colocação é do professor aposentado da Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do projeto pedagógico da Escola Nacional Florestan Fernandes, Paulo Arantes.

Segundo, ele o estado de emergência atual pressupõe um momento revolucionário, mas nunca esteve-se tão longe de uma possível revolução. A transformação não faz parte do imaginário e da sensibilidade da agenda da humanidade. "Valoriza-se o sistema econômico do leste Asiático, que está completamente inserido no sistema capitalista. A China faz parte da OMC, não tem um modelo heterodoxo como falam por aí," aponta o pesquisador que vê a construção do modelo de trabalho capitalista como uma das grandes causas da violência mundial.

Arantes afirma que a humanidade está administrando um desastre de 50 anos atrás, quando com as duas grandes guerras e a Europa devastada, o capitalismo deixou de ser auto-gestionado e passou a receber a intervenção do Estado e elaborar um plano de emergência que retardasse o fim. "Privatizaram então, as políticas sociais, modelo reproduzido exaustivamente no Brasil," diz.

Para ele, as políticas públicas ou sociais, ainda que completamente imobilizadoras, fazem sentido, pois o futuro só tende a piorar. "Mas, é preciso observar que o Brasil funciona dessa maneira imóvel. É um país com 25 anos de estagnação que elegeu um presidente que veio da classe trabalhadora e que, hoje, como governo, aprova e legitima as políticas públicas apreciadas pelas classes dominantes, ações que servem para retardar a conclusão."

Como prova de sua teoria, Arantes insiste que é preciso observar que o epicentro da calamidade dos jovens está no fato de que os mecanismos da sociedade de trabalho não funcionam mais e que o tráfico vem como uma escolha de "proletarização" em escalas inimagináveis. "Mas, não é lá que é construída a violência. O mundo do trabalho é um laboratório para a criminalidade social. É lá que somos amestrados para sermos agentes dessa violência. A causa está bem demonstrada na própria construção violenta e hierarquizada das corporações, reafirmadas, inclusive, pelos governos," conclui o professor, que embora declare seu pessimismo, acredita e fomenta a possibilidade de transformar, um dia, a realidade dos jovens e da sociedade.

   
 
 
 

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