urbanismo
17/10/2007

Novas formas para os subúrbios de Paris

Maximilien Calligaris


No palácio de Chaillot, na França, foi inaugurada, no último 17 de setembro, a "cidade da arquitetura e do patrimônio" pelo presidente Nicolas Sarkozy.

Sarkozy expressou claramente sua decisão de "dar começo a um novo projeto de cidade global para a Grande Paris". Num encontro de duas horas com 14 dos arquitetos mundialmente mais conhecidos, ele debateu sobre o uso da arquitetura urbana para dar uma nova forma à paisagem dos subúrbios parisienses, num prazo de 20, 30 e 40 anos. O presidente acredita que "a maior tarefa atual da arquitetura é de humanizar os subúrbios que foram abandonados durante muito tempo". Também declarou que "o escândalo da periferia das cidades" e a sua feiúra "não deveriam ser uma fatalidade". Ele disse que reunirá "uma comissão, composta de dez escritórios de arquitetura, metade franceses, metade estrangeiros, para trabalhar na perspectiva de um diagnóstico da Grande Paris".

Novos meios de transporte também fazem parte do projeto. O desenvolvimento da nova linha de tramway (veículo elétrico sobre trilhos), inaugurada em dezembro do ano passado, teve sucesso superior às expectativas. Nos primeiros três meses, já tinha sido usada por mais de cinco milhões de usuários; hoje, 80 mil pessoas se servem dela diariamente. Para 2012, o tramway deveria conectar todos os subúrbios entre eles, circulando ao redor do centro de Paris.

A Grande Paris é uma grande aposta. A idéia surgiu em 1989, com um projeto urbano chamado "Banlieu 89" (subúrbios 89), concebido por Roland Castro na intenção de combater o "apartheid urbano", que faz do centro histórico de Paris uma área sitiada por uma imensa coroa de subúrbios.

De fato, no centro da cidade, dividido em 20 bairros (arrondissements), vivem apenas 2,2 milhões de habitantes, enquanto a aglomeração, no seu conjunto, contém 12 milhões de pessoas.

Nascimento dos guetos

Os subúrbios de Paris nasceram nos anos 60, no meio dos "trintas anos gloriosos" (1945-1974), quando o constante crescimento econômico da França produzia uma necessidade desesperada de mão-de-obra.

Eles foram construídos com pouco esforço arquitetônico e urbanístico e com fundos limitados, para abrigar uma vasta imigração operária, originária principalmente da África do Norte. Com taxas de desemprego superior a 20% (o dobro da média nacional) e dificuldades de integração de seus habitantes na sociedade francesa (tanto por causa do status econômico quanto por discriminação étnica), os subúrbios se tornaram rapidamente guetos que favorecem altos índices de criminalidade.

São conhecidas as revoltas que aconteceram em 2005 nos subúrbios das grandes cidades francesas, quando adolescentes das periferias expressaram sua "insatisfação" queimando carros, degradando a infra-estrutura urbana e lutando contra a polícia e as autoridades.

Paris “perdeu” o trem na estação
Londres desenvolveu seu próprio projeto urbano, chamado "Grande Londres", nos anos 60, evitando assim o declínio e o isolamento de seus subúrbios e promovendo a incorporação da periferia aos centros mais ricos.

Seguindo uma tendência secular, Paris, nos anos 60, escolheu ignorar o novo dilema urbano e deixou que sua periferia e seu centro fossem, por assim dizer, separados. Por falta de reação ao “boom” demográfico e econômico da década de 60, os problemas urbanos foram apenas postergados. Enfrentá-los hoje vai ser certamente mais difícil e mais caro do que teria sido na época.

   
 
   
 

NOTÍCIAS ANterioreS:
17/10/2007
Atletas criam Ong para auxiliar entrada do jovem no mercado de trabalho
17/10/2007
Receitas do cinema desvendadas em livro
15/10/2007 Reforma da Praça Roosevelt começa a sair do papel
12/10/2007
Veja dados sobre a saúde do professor
11/10/2007
Na Vila, população com acesso a serviços essenciais é igual a da Suiça
10/10/2007 Biblioteca quer atrair jovens com gibiteca
10/10/2007 26% da cidade de SP tem mais jovens na universidade que a média brasileira
09/10/2007 Mesmo com estimulo, franceses perdem o gosto pela leitura
08/10/2007
Projeto de lei quer Virada Cultural em todo o Estado de SP
05/10/2007
Ensino técnico no Brasil
Mais matérias