.
              
 
HOME | COLUNAS | SÓ SÃO PAULO | COMUNIDADE | CIDADÃO JORNALISTA | QUEM SOMOS
 
 

comunidade em obras
18/04/2005
Projeto Viver inaugura novo espaço para expandir atividades

O terreno baldio, conhecido como lixão, é coisa do passado. O espaço de 1500 m2 tornou-se a sede da Associação Viver em Família para um Futuro Melhor, construída no Jardim Colombo, na periferia da zona sul de São Paulo. "Há uma expectativa positiva da comunidade em relação à entidade, pois haverá cursos interessantes. Eles estão apostando na conscientização e educação para um crescimento profissional", afirma Jenilson Ferrera dos Santos, presidente da União dos Moradores da Favela do Jardim Colombo.

Conhecida como Projeto Viver, a entidade foi criada em dezembro de 2001 por funcionários do Banco Votorantim, BV Financeira e Votorantim Asset Management para desenvolver ações sociais na região. "Os funcionários queriam ajudar uma comunidade carente, com baixos índices de violência e um local de fácil acesso, próximo ao banco, para atuarem como voluntários durante a semana. A partir daí, escolhemos o Jardim Colombo e queremos desenvolver uma ação transformadora e não assistencialista, pois não pretendemos distribuir cestas básicas ou dar dinheiro e outros objetos, mas ajudar a comunidade a encontrar melhorias", disse Aline Camisassa Ditta, coordenadora do projeto Viver.

A comunidade do Jardim Colombo existe há 33 anos. Vivem cerca de 150 mil pessoas em três mil moradias. Ou seja, em média cinco pessoas estão em cada casa. Segundo Jenilson, os principais problemas da região são a falta de serviços públicos em educação (como cursos profissionalizantes), moradias em área de risco (problemas de inundação ou localizam-se em raízes de árvores antigas), falta de saneamento básico, entre outros. "Alguns problemas melhoraram bastante, mas ainda temos muita coisa para resolver e conto com o apoio da entidade", confessa Jenilson.

Em fevereiro de 2002, o projeto Viver começou a trabalhar junto com a União dos Moradores para elaborar um diagnóstico e ver os principais problemas da região. Primeiro, a entidade ajudou na reforma da creche Primavera e reativou o convênio com a Prefeitura para receber uma ajuda financeira do poder público. Hoje, atende 60 crianças de um até cinco anos de idade em período integral.

A outra creche da comunidade é a Girassol, que recebeu ajuda do Projeto Viver na obtenção de recursos e manutenção do espaço para conseguir atender as 120 crianças. A associação atua na administração destas duas creches junto com a União dos Moradores por meio de captação de recursos e parceiros para suprir as necessidades das crianças e de suas famílias. "Alguns voluntários que não tem a possibilidade de visitarem a entidade e as creches ajudam na realização da folha de pagamento dos funcionários e outros trabalhos de escritório", ressalta Aline.

Nas creches, há a participação de mães voluntárias, que vão uma vez por semana durante quatro horas e ganham uma cesta básica por mês. Existem seis voluntárias na Primavera e 13 na Girassol. Jucilene Marques de Souza, 22 anos, está desempregada e é mãe voluntária na creche Primavera há dois anos. "Aqui eu estou perto da minha filha e não fico sozinha em casa sem fazer nada. Auxilio as meninas na cozinha e recebo uma ajuda com a cesta básica", conta.

A partir do levantamento das principais necessidades da comunidade, o Projeto Viver também promoveu várias atividades na região como palestras informativas, comemoração de datas como dia da saúde, da cidadania, das crianças e outros; bazares; encaminhamento das pessoas da comunidade para cursos de capacitação; incentivo à participação das mães nas atividades da creche e formação de grupos de geração de renda; busca de patrocínio para atletas e eventos culturais. "Montamos até um ponto de atendimento improvisado do Poupa Tempo para todos tirarem seus documentos", comenta Aline.

Para conseguir desenvolver mais atividades, a entidade adquiriu o terreno no Jardim Colombo e gastou cerca de R$ 1.680.000,00 na construção e montagem. O espaço oferece salas de aula, quadra poliesportiva, laboratório de informática, consultório médico e odontológico, biblioteca, brinquedoteca, cozinha industrial, espaço para apresentações culturais, loja e oficinas.

As crianças das creches revezam os dias da semana para aproveitar o espaço da quadra e da brinquedoteca. As artesãs são o outro público beneficiado pela entidade no Programa Ponto e Linhas, uma oficina de crochê. Elas se reúnem todas as quartas-feiras para mostrarem suas toalhas com bordados de crochês e discutirem novos modelos e cores. As cinco mulheres artesãs capricham em seus trabalhos para conseguirem venderem em lojas e feiras beneficentes.

"Eu já sabia fazer crochê, mas a gente aqui vai aprendendo cada vez mais. Trabalhava como diarista e uma amiga me convidou para participar dos encontros. Estou até hoje e pretendo continuar com meus trabalhos e vender muito", disse Cirlete Barbosa Santana, aluna do Programa.

Mãos a obra com as parcerias
O Projeto Viver Melhor estabeleceu parcerias com a Associação de Ensino Social Profissionalizante (Espro), uma entidade que oferece cursos gratuitos de capacitação para o trabalho e incentiva a Lei do Aprendiz entre os empresários. Reconhecido pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), a Espro segue a lei 10.097 de 2000, que permite as organizações sem fins lucrativos desenvolverem programas de aprendizagem para jovens entre 14 e 18 anos incompletos matriculados e cursando ensino fundamental ou médio.

Seu programa é constituído por um preparo educacional básico com aulas de português, matemática, recursos humanos, saúde, qualidade de vida, cidadania, técnicas administrativas, informática e telemarketing. Esta primeira etapa dura cinco meses. Após este preparo, o aluno passa por uma seleção para trabalhar em uma empresa parceira. Esta possibilita uma remuneração e complementa os conhecimentos dos jovens por meio de atividade teóricas e práticas. O aluno pode ficar até dois anos na empresa ou até 18 anos (idade limite segundo a Lei do Aprendiz).

De acordo com Marinus Jan van der Molen, superintendente da Espro, a entidade atende cerca de 1.300 alunos e ingressa 1.100 no mercado de trabalho por ano. "Achei muito interessante o convite do projeto Viver para cuidar da parte de cursos profissionalizantes. Eles poderiam fazer sozinhos, mas chamaram uma organização experiente nesta área. Pretendemos formar neste período 160 jovens, já que temos duas turmas com 40 estudantes no projeto", afirma.

Bruna Corrêa Lima, 15 anos, nunca trabalhou e veio participar do programa para aprender como lidar no primeiro emprego. Moradora da comunidade de Paraisópolis, a estudante do 1º ano do Ensino Médio quer pegar as dicas de aulas de computação, marketing e técnicas administrativas. Sua colega Ana da Silva Amaral, 15 anos, também nunca trabalhou e está interessada em ter uma qualificação melhor. "Como não sei como é o trabalho dentro das empresas, acho uma grande oportunidade ter estas aulas. Vai ser um abre 'portas'no mercado de trabalho" disse a estudante.

Morador do Jardim Colombo, Paulo Henrique Fernandes Feliz, 14 anos, sentia medo em não passar na prova de seleção dos alunos. "Quando eu vi o anuncio já fiquei interessado em participar para aprimorar meu currículo. Quero conseguir um emprego, mas se não der certo vou continuar estudando", conta. O estudante Jailton Xavier dos Santos, 15 anos, mora no Jardim Ângela e pega duas conduções para chegar na entidade, pois em seu bairro não tem um curso profissionalizante que tenta ingressar os jovens nas empresas e nem dá certificado. "Estou aqui para aprofundar meus estudos e ter espaço no mercado de trabalho", ressalta Jailton.

Outra parceria firmada foi com o Serviço Social da Indústria (Sesi) de São Paulo para desenvolver na cozinha industrial o "Programa Alimente-se Bem por R$1,00" nas terças-feiras de abril. Criada em 1999, o programa educativo incentiva mudanças no hábito alimentar por meio de aulas práticas com receitas nutritivas a baixo custo, usando conceitos de aproveitamento integral dos alimentos. É um curso gratuito oferecido para toda população, que recebe aulas sobre planejamento de compras, reconhecimento, armazenamento, higiene e aproveitamento integral dos alimentos. O curso possui carga horária total de 10 horas e o aluno recebe certificado e um livro com 300 receitas.

Para a nutricionista do Sesi, Camila Varella Pires, as alunas do Projeto Viver mostraram interesse em aprender as receitas e prestaram atenção nas dicas de ter uma boa alimentação. Há 60 vagas no total para as turmas da manhã e da tarde. "Nas aulas, procuro dar três receitas e passo muitas dicas de como elas devem aproveitar todo o alimento e apenas eliminar partes que não dá para usar mesmo", disse Camila.

A dona-de-casa Vilma Santana da Silva, moradora do Jardim Colombo, participa do curso de Aproveitamento Integral de Alimentos e sempre tem interesse de aprender novidades. Além da entidade, ela freqüenta aos sábados curso de informática em outra organização, que também atende comunidade de baixa renda. "Tenho experiência em culinária, pois fui cozinheira em uma escolinha particular. Este curso possibilita um aprendizado diferente. A gente economiza muito e pode até fazer coisas para vender para fora. Vou passar para as minhas vizinhas as dicas de aproveitamento de alimentos.", conta Vilma.

A cozinheira da creche, Lúcia Raimundo dos Santos Amaral, também está fazendo o curso na entidade para pôr em prática as receitas e não desperdiçar nenhum alimento. "As receitas que aprendemos são ótimas. Já participei de um curso sobre pães, bolos e tortas e estou fazendo para vender para fora. Espero economizar bastante em casa com estas receitas", confessa.

A entidade também contou com a Fundação Pensamento Digital ajudou na instalação de 16 computadores ligados em rede no laboratório de informática da entidade para atender os alunos do Espro e o restante da comunidade. A fundação é conhecida por promover projetos educacionais por meio do uso de novas tecnologias da informação e comunicação (TICs) em comunidades de baixa renda. Conta com o apoio de universidades na formação de educadores comunitários para o uso das TCIs no desenvolvimento socioeconômico desta população.

O Projeto Viver pretende fazer mais parcerias com organizações para desenvolver cursos na cozinha industrial, com profissionais voluntários da saúde no atendimento nos consultórios médicos e odontológicos e o paciente pagaria apenas uma taxa simbólica. "Queremos fazer muita coisa. Como, por exemplo, cursos de alfabetização de adultos, loja para revender os produtos da entidade, aulas de informática para todos da comunidade e outros trabalhos. Isso é só o começo", conclui Aline.



Serviço:
Associação Viver em Família para um Futuro Melhor
Rua Clementine Brenne, 857 - Jardim Colombo
Tel. (11) 3771-0666

SUSANA SARMIENTO
do site setor3

   
 
 
 

NOTÍCIAS ANteriores
15/04/2005
Inscrições para o Enem vão até 6 de maio
15/04/2005
Plano combaterá exploração sexual
15/04/2005
Vem aí a nova Lei Rouanet
15/04/2005
Simpósio debate como o Brasil incluirá comunidades no aprendizado do inglês
14/04/2005
Projeto incentiva preservação ambiental
14/04/2005
Editoras líderes investem em livros de bolso para ampliar público
13/04/2005
Servidores paralisam atendimento nos postos do INSS hoje e amanhã
13/04/2005
Crianças que participam da Canara Mirim dão lição de cidadania
13/04/2005
Artistas criam fórum sobre violência
12/04/2005
Inflação atinge a maior taxa em mais de 6 meses