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rumores no planalto
19/02/2004
Dirceu deixa o governo Lula apenas em situação extrema

Apesar de o Palácio do Planalto ter negado oficialmente ontem que o ministro José Dirceu (Casa Civil) possa se afastar do cargo, essa possibilidade existe como medida extrema para minimizar o desgaste do governo no episódio Waldomiro Diniz. Por ora, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantém a decisão de que Dirceu fica onde está. Os dois despacharam a sós ontem de manhã.

Lula pediu que o porta-voz André Singer negasse que Dirceu tenha colocado o cargo à disposição ou cogitado se afastar do posto, a fim de se defender, na hipótese de abertura de CPI. Waldomiro era há anos homem da confiança de Dirceu e chegou a dividir apartamento com ele em Brasília.

Até agora, Lula não se pronunciou publicamente sobre o caso. Ontem, durante uma solenidade no Palácio do Planalto, apesar de previsto, Lula deixou de lado o discurso que faria.

Ontem, a Folha revelou que, em reunião na segunda-feira com Lula e ministros, José Dirceu disse estar "disponível". Lula nem respondeu, sinalizando que descartava a possibilidade.

O cenário "extremo", aventado no governo, seria resultado de dois fatores: 1) a criação de uma CPI, possibilidade que arrefeceu bastante ontem, com ações eficientes do governo junto ao PSDB e ao PFL, partidos oposicionistas; 2) a revelação de um "fato novo" que ponha mais lenha na fogueira do caso Waldomiro. O governo tomou conhecimento de rumores de que a revista "Época" trará uma segunda parte da entrevista que fez com o ex-assessor de Dirceu, na semana passada.

Como disse ontem o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), o governo acha "provável" que Waldomiro Diniz tenha tentado fazer tráfico de influência já na Casa Civil.

Há rumores ainda de que Waldomiro teria tido encontro com o empresário do bingo Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, já no seu cargo no governo federal e que a mídia traria envolvimento dele com o lobby do bingo. O governo foi informado da possibilidade de Waldomiro, na entrevista à revista "Época", ter confirmado que recebeu lobistas da empresa de informática GTech.

O caso Waldomiro veio à tona com a revelação de gravação de 2002 na qual ele pede propina e contribuição de campanha a Cachoeira. À época, Waldomiro pertencia ao governo Benedita da Silva (PT-RJ), presidindo a Loterj (Loteria do Estado do Rio de Janeiro). Com a posse de Lula, virou subchefe de Assuntos Parlamentares, cargo que, em janeiro, foi transferido da Casa Civil para a Secretaria da Coordenação Política e Assuntos Institucionais.

Contrariado
Interlocutores do ministro da Casa Civil disseram à Folha que ele ficou muito contrariado com Márcio Thomaz Bastos (Justiça), ao ler ontem nos jornais que a Polícia Federal investigaria a passagem de Waldomiro pelo governo Lula. Para Dirceu, Thomaz Bastos não deveria permitir que a PF entrasse nessa investigação, já que o governo anunciou que fará sindicância interna para averiguar os atos do então assessor.

A atuação de Thomaz Bastos no caso vem sendo classificada de "ineficaz" e "ingênua" por governistas. Citam, como exemplo, os mandados judiciais de busca e apreensão que a PF recebeu no sábado passado, por volta das 16h. O ministro não foi avisado pela PF, que é de sua jurisdição -só soube na segunda-feira, quando as buscas estavam em curso, inclusive na casa de Waldomiro.

A assessoria do ministro disse à Folha que ele não considera ter havido nada fora da normalidade na atuação da PF.





KENNEDY ALENCAR
FERNANDO RODRIGUES
da Folha de S. Paulo

   
 
 
 

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