Maximilien Calligaris, de Nova York
Alugar uma bicicleta em um posto público depois de
comer seu “bagel” da manhã. Ir com ela
para o trabalho. Pedalar dois quarteirões até
seu lugar preferido para o almoço. Amarrá-la
a um poste da Quinta Avenida enquanto você faz seu shopping
de última hora e, enfim, devolvê-la a um outro
posto público para depois se enfiar em um cinema da
rua 42. Esse esboço de programa pode se tornar um hábito
em Nova York, se for aprovado o novo plano “Bike-Sharing”
(compartilhar-bicicletas).
Depois do sucesso desse tipo de transporte urbano em muitas
cidades européias - só Paris, com o seu plano
“Velib”, já colocou à disposição
do público mais de 16.000 bicicletas distribuídas
em 1200 postos-, o serviço de transporte público
de Nova York abriu licitação para um serviço
desse tipo. Neste mês, várias empresas foram
convidadas a apresentar as dimensões de um projeto
que seja útil para a cidade, com a proposta do número
de bicicletas e de postos necessários, assim como os
de capacetes protetores que são obrigatórios
para os ciclistas e, claro, a previsão do custo operacional.
Paralelamente, o Departamento de Planejamento Local receberá
US$ 200.000 de ajuda do governo federal. Será feito
um estudo complementar da viabilidade de um plano de bicicletas
compartilhadas em Nova York. As respostas são esperadas
para 15 de agosto e a decisão final deve sair no próximo
outono.
O Forum for Urban Design (Fórum para o Design Urbano)
e o Storefront for Art and Architecture (Vitrine de Arte e
Arquitetura) organizaram um teste em pequena escala: 30 bicicletas
foram disponibilizadas em alguns bairros de Manhattan ,como
Eats, West Village, Chelsea e Soho, para corridas gratuitas
de 30 minutos. O teste acabou envolvendo 200 participantes.
O sucesso da operação, prevista para durar três
dias, foi limitado só pelo tempo ruim, que forçou
os organizadores a cancelar o último dia de teste.
Enquanto Nova York está apenas testando essas águas
mais verdes com a ponta dos pés, “Velib”,
o programa parisiense, celebrou seu primeiro aniversário.
Depois de um começo impressionante com quase um milhão
de usuários nas duas primeiras semanas, a iniciativa
confirmou sua popularidade durante o ano inteiro. Inaugurado
em 15 de julho de 2007, está agora com 198.913 assinantes
anuais, segundo a Prefeitura de Paris. Em um ano, as bicicletas
transportaram mais de 26 milhões de pessoas, chegando
a um máximo de 110 mil locações por dia.
O programa foi um sucesso financeiro e de público.
Agora que as bicicletas de “Velib” são
parte do panorama da cidade, a previsão é que,
em breve, a idéia seja estendida aos subúrbios.
Além da poluição e da lentidão
do trânsito, um outro fator força agora a cidade
de Nova York a pensar mais verde: o preço do petróleo
que foi para o espaço.
Quatro dólares por galão de gasolina (é
o preço atual, que significa cerca de R$ 1,50 por litro),
não parece muito para o Brasil. Mas, os americanos
estão acostumados a preços muito menores e o
carro médio é muito mais guloso do que os carros
médios brasileiros. Será que esse preço
é o suficiente para que os nova-iorquinos mudem seus
hábitos? É só esperar para saber. No
outono, a secretária de transportes da cidade, Janette
Sadik-khan, tomará a decisão.
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