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infância
25/03/2004
Para juiz, preconceito atrasa adoção

De um lado, crianças ansiosas por uma nova família. De outro, uma fila de casais interessados em adotar um filho. Entre eles, uma demora que pode chegar a anos. Para o juiz Siro Darlan, da 1ª Vara da Infância e da Juventude do Rio de Janeiro, a justificativa do descompasso é o preconceito.

Segundo o juiz, dados mostram que 83% dos 229 habilitados para a adoção no Rio querem bebês de até um ano. Nenhuma das 151 crianças disponíveis tem esse perfil; 86% têm mais de seis anos.

"Essa conta [da demora no processo de adoção] deve ser debitada no preconceito das pessoas e não na Justiça", afirmou Darlan.

Devido a uma portaria do juiz, desde terça, casais interessados em adotar crianças de até quatro anos não podem mais escolher sexo e cor. A suspensão vale por um ano. Cadastros feitos anteriormente não serão afetados.

Repercussão
A decisão gerou controvérsias. "Ninguém pode interferir na forma como as pessoas querem adotar seus filhos", afirmou Antonio Monteiro de Souza, coordenador da ONG Excola, que atende, entre outros, jovens que, ao completar 18 anos, têm que sair dos abrigos. "São meninos que ninguém adotou, por preconceito. Mas essas questões não serão resolvidas com uma canetada."

O policial militar aposentado Moacir José Ferreira, 69, também critica a medida. Para ele, uma solução seria oferecer estímulos. Há nove meses, ele adotou Mássimo, de nove anos, que tem problemas mentais. "Tinha tentado isso antes, mas disseram que meu salário não era suficiente para sustentar mais um filho", disse.

A adoção, segundo ele, foi possível devido ao programa "Um Lar Para Mim", da Secretaria de Estado de Ação Social, que oferece ajuda financeira a funcionários estaduais que adotarem crianças mais velhas ou deficientes.

Para a diretora-executiva da ONG Terra dos Homens, Claudia Cabral, a decisão do juiz é correta. "Ele mostrou como a adoção tardia e inter-racial é importante", afirmou Cabral.

A educadora aposentada Marli Sousa, 69, também aprova a suspensão. "Se ele não fizesse isso, as crianças continuariam crescendo em orfanatos." Ela tem dois filhos adotados, um que chegou à sua casa com nove e outro com 12 anos, e diz que a adaptação realmente é mais difícil quando a criança é mais velha.



AMARÍLIS LAGE
da Folha de S.Paulo

   
 
 
 

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