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população brasileira
26/08/2004
Brasil terá mais de 209 milhões em 2020

No ano 2020, a população brasileira deve ultrapassar os 209 milhões de habitantes e haverá mais idosos e menos crianças no país. Para atender à demanda por ocupação da população em idade ativa, o país terá que gerar 1,1 milhão de novos empregos por ano entre 2000 e 2020, totalizando 21,3 milhões de novas vagas em um período de 20 anos.

Essas projeções fazem parte de um estudo promovido pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão do Ministério do Planejamento, realizado pelos pesquisadores Kaizô Beltrão, Ana Amélia Camarano e Solange Kanso com base nos dados do Censo de 2000 do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia).

As projeções da pesquisa levam em conta o comportamento de indicadores de mortalidade e fecundidade nos últimos anos no país para estimar o tamanho e a distribuição etária da população no futuro. Elas são uma importante ferramenta para o planejamento de políticas públicas adequadas a novos perfis demográficos da população.

Duas hipóteses
Para o cálculo do tamanho da população em 2020, os pesquisadores trabalharam com duas hipóteses. No primeiro cenário, a taxa de fecundidade, que em 2000 estava em 2,4 filhos por mulher, cairia em 2020 para 1,8 filho por mulher na área urbana e para 2,0 entre os moradores da área rural.

Na segunda hipótese, a taxa de fecundidade cairia para 1,3 na área urbana e para 1,8 na rural.

A primeira projeção -que utiliza quedas menores na taxa de fecundidade- estimou em 209,5 milhões o tamanho da população em 2020. Já a segunda hipótese projetou uma população de 217,4 milhões, quase oito milhões a mais de brasileiros do que a estimativa do outro cenário.

Em comum às duas projeções estão a tendência de aumento da expectativa de vida, a diminuição do número de crianças até 14 anos e o aumento de mais de 100% em
20 anos da população com mais de 60 anos de idade.

Para Camarano, essas projeções não podem ser classificadas como boas ou ruins em termos de impacto nas políticas públicas.

"Bom ou ruim é a maneira como a sociedade lida com isso. Não se pode ter uma visão malthusiana e colocar a população como problema, apostando numa política pública e esperando que a população se adeqüe a ela. O que deve acontecer é o contrário, ou seja, as políticas públicas se adequarem à população", afirmou a pesquisadora.

O economista inglês Thomas Malthus (1766-1834) defendia a teoria de que o crescimento da população sempre será maior do que a capacidade de produção dos meios de subsistência humanos. Assim, a fome e a miséria só poderiam ser reduzidas com a queda de natalidade.

Novo cenário
A diminuição do número de crianças e o aumento do número de idosos no país trazem oportunidades e desafios para as políticas públicas.
No caso das crianças, por exemplo, como haverá uma diminuição no tamanho da população com menos de 14 anos, isso pode contribuir para o aumento do gasto por aluno na educação.

Os autores do estudo alertam, no entanto, para o risco de a pressão por verbas para a infância diminuir por causa da redução do tamanho dessa população.

"Ainda não temos cobertura total da educação em todos os níveis de ensino básico. Além disso, há ainda um número considerável de alunos que não conseguem terminar o ensino fundamental. Mesmo que parasse de nascer criança no Brasil, ainda teríamos muito a fazer", diz Beltrão.

Ana Amélia Camarano lembra também que a taxa de fecundidade da mulher brasileira tem caído principalmente nas classes de maior renda, mas ainda é alta, se comparada com a dos mais ricos, entre a população de baixo poder aquisitivo. "São essas crianças mais pobres que mais utilizam o serviço público de educação", afirma a pesquisadora.


ANTÔNIO GOIS
da Folha de S.Paulo

   
 
 
 

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