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trabalho infantil
26/10/2004
Pais alegam que começaram a trabalhar muito cedo mas 'sobreviveram'

Lutar contra a idéia do senso comum de que é melhor ter a criança trabalhando do que na rua, é um dos principais objetivos dos participantes da oficina sobre "Estratégias para Erradicação do Trabalho Infantil" empenhados também no seu dia-a-dia em extinguir o trabalho precoce.

O debate fez parte da programação do segundo dia do "Seminário Redes, Alianças e Parcerias para o Desenvolvimento Comunitário" e contou com a presença de Paulo José de Lara Dante, membro da coordenação do Fórum Paulista de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil; Izabel Cristina Martin, gerente estadual do Peti (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) e Pedro Américo Oliveira, coordenador do IPEC (Programa Internacional para Eliminação do Trabalho Infantil) no Brasil.

Tanto os palestrantes como o público presente na oficina concordam que outra grande dificuldade do dia-a-dia é enfrentar o discurso de pais e da sociedade em geral que afirmam ter trabalhado desde muito cedo e que mesmo assim "sobreviveram".

Pedro Américo diz se surpreender ao ver que para grande parte das pessoas a alternativa para a rua é o trabalho em suas piores formas, e não a escola, como ele julga que deveria ser. "Ninguém questiona que o filho da família de classe média tem que estar na escola, no lazer ou na aula de informática... Só para o menino pobre que isso é uma dúvida. Mesmo que a educação não seja dos nossos sonhos, escola é escola. Para o menino pobre então, é ainda mais marcante porque significa uma chance de mudança", afirma.

Outro desafio na luta contra o trabalho infantil é a dificuldade em conscientizar os pais. "Quem têm seus filhos planejados e queridos não os quer expostos ao perigo. Já, em outros casos, muitos que têm filhos sem condições e indesejados não se preocupam com isso", observa Pedro.

Além disso, boa parte dessas pessoas começaram a trabalhar desde muito cedo e acham que este é o curso "normal" da vida. Para Pedro Américo e seus colegas de debate, é necessário descobrir uma forma de mudar a percepção dos pais e sociedade e também dedicar atenção à criação de uma gestão pública disposta a atender essa demanda.

Para Izabel Cristina Martin, gerente estadual do Peti, o trabalho sócio-educativo com as famílias deve ser bem marcado". Ela acredita que "é necessário mostrar o quanto o trabalho infantil é prejudicial. É importante se firmar este pacto com as famílias".

Entretanto eles avaliam que é sempre muito difícil despertar a consciência em pais e mães. Como sugestão, Pedro Américo acha importante perguntar a eles o que imaginavam que seriam quando "crescessem". E perguntar também por quê não conseguiram. "Eles acabam percebendo sozinhos que estão reproduzindo com os filhos o comportamento de seus pais", observa.

Outra dificuldade está em superar casos amplamente divulgados pela mídia de pessoas como jogadores de futebol e artistas que começaram a trabalhar muito cedo e hoje são considerados modelos de sucesso. Segundo Pedro Américo, esse tipo de publicidade acaba alimentos mesmo que de forma subliminar que o trabalho infantil pode ser benéfico.

Como ação oficial de luta contra o trabalho precoce, o Peti surgiu também como alternativa de transferência de renda já que a principal causa do problema está na pobreza.

Para intensificar e potencializar os resultados de toda essa luta protagonizada por governo e sociedade civil, Paulo José de Lara Dante, membro da coordenação do Fórum Paulista de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil, reforça a necessidade de se expandir a atuação dos fóruns regionais.

DANIELA MARQUES
do site
Setor3

   
 
 
 

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